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Rafael Reis

Um ano depois, vencedor do Puskas é celebridade e banco de saco de pancadas

Rafael Reis

18/10/2017 04h30

A conta de Mohd Faiz Subri no Instagram é digna de uma celebridade. Seus 207 mil seguidores visualizam posts patrocinados de marcas conhecidas mundialmente, como Adidas e Nivea, propagandas de perfumes, palmilhas de calçados e motocicletas, além de fotos (muitas fotos) do jogador ao lado de fãs mirins.

O meia-atacante de 29 anos é hoje o nome mais conhecido do futebol da Malásia, mesmo sem jamais tem atuado pela seleção do seu país.

Tudo culpa de uma cobrança de falta histórica. No dia 16 de fevereiro de 2016, Faiz Subri acertou um tiro de longa distância digno dos melhores momentos de Roberto Carlos.

A falta, que fez duas curvas diferentes (uma para cada lado) antes de morrer no ângulo adversário, rendeu ao malaio o Prêmio Puskas, concedido pela Fifa ao gol mais bonito do futebol mundial no ano passado.

O troféu rendeu muito para Faiz Subri, que ganhou fama em sua terra natal, fãs e seguidores em suas redes sociais, contratos de patrocínio, 200 mil ringgits (cerca de R$ 150 mil) em premiações pagas por diferentes órgãos do governo da Malásia e a chance de conhecer seu ídolo, Cristiano Ronaldo.

Só que nem o Puskas foi suficiente para fazer a carreira do meia-atacante deslanchar… pelo menos, não dentro de campo.

Um ano depois de desbancar o brasileiro Marlone e a venezuelana Daniuska Rodríguez como autor do gol mais bonito de 2016, Faiz Subri é hoje reserva do maior saco de pancadas do futebol da Malásia.

O Penang FA, clube que defende desde 2015, é o último colocado do Campeonato Malaio. Das 21 partidas que disputou, perdeu 15 e só venceu três. Duas goleadas (uma por 6 a 1 e outra por 5 a 1) estão na galeria dos seus resultados mais recentes.

O vencedor do Puskas-2016 só marcou dois dos 15 gols da equipe na competição e amargou o banco nas quatro últimas rodadas. A última vez em que permaneceu em campo durante os 90 minutos de uma partida foi três meses atrás, no começo de julho.

A trajetória de Faiz Subri lembra um pouco a de Wendell Lira. Ganhador do prêmio em 2015, o brasileiro abandonou no ano passado uma carreira errática nos gramados (passou a maior parte da vida defendendo times menores de Minas Gerais e Goiás) para se tornar jogador profissional de videogame.

Na próxima segunda-feira, a Fifa anuncia os vencedores dos prêmios de melhor do mundo em 2017.

O francês Olivieir Giroud (Arsenal), o sul-africano Oscarine Masuluke (Baroka) e a venezuelana Deyna Castellanos (Santa Clarita Blue Heart) concorrem ao Puskas, que pela primeira vez não teve nenhum brasileiro entre os dez indicados.

RELEMBRE TODOS OS VENCEDORES DO PUSKAS

2009 – Cristiano Ronaldo (POR)
2010 – Hamit Altintop (TUR)
2011 – Neymar (BRA)
2012 – Miroslav Stoch (SVK)
2013 – Zlatan Ibrahimovic (SUE)
2014 – James Rodríguez (COL)
2015 – Wendell Lira (BRA)
2016 – Mohd Faiz Subri (MLS)


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.