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Rafael Reis

Catalunha já tem seleção, joga uma vez por ano e até derrotou o Brasil

Rafael Reis

06/10/2017 04h30

O referendo do último domingo, em que 92% dos eleitores se declararam favoráveis à independência da Catalunha, e o crescimento das tensões separatistas entre a comunidade autônoma e a Espanha levantam uma importante questão para o mundo da bola: será que em breve teremos uma nova seleção disputando Eurocopas e Copas do Mundo?

Mas apesar de não ser filiada nem à Fifa e nem à Uefa e, por isso, não poder disputar competições oficiais, a seleção catalã já existe há mais de um século, costuma se reunir todos os anos e tem uma vitória sobre o Brasil como um dos resultados mais importantes de sua história.

O selecionado da Catalunha se reuniu pela primeira vez em 1905 e já disputou quase 200 partidas ao longo dos últimos 112 anos.

Nem mesmo durante as quase quatro décadas da ditadura do general Francisco Franco, que aboliu muitos dos direitos catalães entre 1936 e 1975, a equipe deixou de ir a campo –foram disputados inclusive amistosos contra a Espanha no período.

Só de amistosos contra o Brasil, foram quatro. Nas vésperas da Copa do Mundo-1934, a seleção catalã recebeu a equipe brasileira, que contava com o astro Leônidas da Silva, e a derrotou por 2 a 1.

Ainda no mesmo ano, as duas equipes se reencontraram e empataram por 2 a 2. Já neste século, foram dois jogos, e duas vitórias brasileiras: 3 a 1, em 2002, e 5 a 2, dois anos mais tarde.

Atualmente, a seleção catalã tem autorização da Fifa para disputar um amistoso por ano, normalmente em dezembro. Sua última vitória foi a goleada por 4 a 1 sobre Cabo Verde, em 2013. Depois, perdeu um jogo e empatou outro com o País Basco e teve um novo empate ante a Tunísia.

A responsabilidade de dirigir o time catalão é dividida atualmente entre dois treinadores, Gerard López, que comanda também o Barcelona B, e Sergio González, recordista em partidas pela seleção quando jogador e ex-técnico do Espanyol.

Apesar de no passado já ter recebido astros estrangeiros do Barça, como Johan Cruyff, Hristo Stoichkov e Laszlo Kubala, a equipe é formada atualmente apenas por jogadores nascidos na Catalunha.

Estrelas da seleção espanhola, como o zagueiro Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba (Barcelona) e o meia Cesc Fàbregas (Chelsea) foram poupados do amistoso do ano passado, contra a Tunísia. Mas Xavi (Al Sadd), Sergi Roberto (Barcelona) e Sergio García (Espanyol) estiveram presentes.

Caso a Catalunha realmente consiga se tornar um país independente e seja reconhecida pela Fifa e pela Uefa como uma nação autônoma e apta a disputar Eurocopas e Copas do Mundo, os jogadores que hoje jogam pela Espanha teriam de decidir qual das duas seleções gostariam de defender.

Apresentamos abaixo uma possível seleção ideal da Catalunha, levando em conta que todos os atletas catalães optariam por servir à nova equipe:

G – Kiko Casilla (Real Madrid) ou Pau López (Espanyol)
LD – Héctor Bellerín (Arsenal)
Z – Gerard Piqué (Barcelona)
Z – Marc Barta (Borussia Dortmund)
LE – Jordi Alba (Barcelona)
V – Sergio Busques (Barcelona)
M – Sergi Roberto (Barcelona)
M – Cesc Fàbregas (Chelsea)
MA – Aleix Vidal (Barcelona
A – Gerard Moreno (Espanyol)
MA – Gerard Deulofeu (Barcelona) ou Keita Baldé (Monaco)


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.