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Rafael Reis

Como fracasso do Palmeiras ajudou o Peru a virar a zebra das eliminatórias

Rafael Reis

05/10/2017 04h00

Trinta e cinco anos depois de disputar sua última Copa do Mundo, a seleção peruana faz nesta quinta-feira a partida mais importante das últimas décadas. Se derrotar a Argentina, em Buenos Aires, a equipe vai ficar a um passo da classificação para a Rússia-2018.

Só que a história de sucesso de um dos tradicionais patinhos feios do futebol sul-americano só foi possível graças a um fracasso retumbante. E um fracasso retumbante ocorrido no Brasil.

Responsável direto pela transformação do Peru na maior zebra das eliminatórias da Conmebol, o técnico argentino Ricardo Gareca só foi contratado pela seleção porque não deu certo no Palmeiras.

O tricampeão argentino pelo Vélez Sarsfield (2009, 2011 e 2012) assinou contrato com os peruanos em março de 2015, seis meses depois de sua desastrosa passagem pelo futebol brasileiro.

Contratado com pompa pelo Palmeiras e com a promessa de trabalho de longo prazo, Gareca durou apenas 13 partidas no clube e o deixou a caminho do rebaixamento para a Série B. Sua passagem também ficou marcada pela contratação de vários jogadores argentinos, como Tobio, Allione, Mouche e Cristaldo.

Quando foi procurado pela seleção peruana, a perspectiva do treinador não era das melhores. Afinal, a equipe era apenas a 59ª colocada no ranking da Fifa e vinha de campanhas desastrosas nas últimas eliminatórias –foi a antepenúltima em 2014 e a lanterna em 2010.

Dois anos depois, a situação é completamente diferente. O Peru é o 12º na lista de melhores seleções do mundo, foi semifinalista da Copa América-2015, ocupa o quarto lugar no classificatório para a Rússia-2018 e, caso vá para a Copa pela primeira vez desde 1982, pode até ser cabeça de chave.

"Nosso momento é o ideal para enfrentar qualquer seleção e em qualquer palco. Estamos preparados para tudo que vier. Estamos vivendo nosso melhor momento futebolístico e em termos de ânimo", disse Gareca, antes da partida contra a Argentina.

Para mudar a história peruana, o treinador argentino contou com a ajuda de jogadores que atuam em alguns dos principais clubes brasileiros: o lateral esquerdo Miguel Trauco e o capitão Paolo Guerrero defendem o Flamengo, enquanto o meia Christian Cueva joga no São Paulo.

E a desorganização de um dos seus adversários também deu uma grande forcinha aos peruanos.

O time de Gareca só tem os 24 pontos que o credenciam à vaga na Copa porque ganhou os três pontos da derrota por 2 a 0 para a Bolívia devido à escalação irregular do zagueiro Nelson Cabrera, paraguaio de nascimento que não cumpriu todos os critérios necessários para poder assumir uma nova cidadania e jogar por outra seleção.

É com essa mistura de fracasso, Palmeiras, sorte, Flamengo e muito trabalho que o Peru sonha em retornar para a Copa do Mundo.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.