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Rafael Reis

Conheça a temida torcida que inspirou inglês a enfrentar 3 terroristas

Rafael Reis

07/06/2017 04h00

Ao ver três terroristas invadirem armados com facas um bar chamado Black & Blue, no último sábado, em Londres, Roy Larner, 47, não teve dúvidas. O inglês gritou "foda-se, eu sou Millwall" e, com as mãos livres, partiu para cima dos radicais islâmicos.

Não foi à toa que o "Leão da London Bridge", como tem sido chamado pela imprensa britânica, fez questão de evocar seu time de coração antes do confronto que salvou inúmeras vidas na capital inglesa e o levou para o hospital.

Apesar de estar fora da primeira divisão inglesa desde 1991 e de jamais ter conquistado um título realmente relevante, o Millwall é um clube conhecido mundialmente. Evidentemente, não por seus feitos dentro de campo.

O que torna o time da região leste de Londres tão famoso é justamente a ferocidade dos seus torcedores, os mais temidos de toda a Inglaterra.

O Millwall Bushwackers, torcida extremista ligado ao clube, foi o grupo de hooligans mais perigoso do auge da violência no futebol inglês (décadas de 1970 e 80) e produziu alguns dos episódios mais aterrorizantes dos estádios da terra da Rainha.

Em 1978, hooligans do Millwall proporcionaram uma verdadeira batalha campal contra torcedores do Ipswich Town antes de uma partida da Copa da Inglaterra. Os confrontos começaram do lado de fora da arena e chegaram até dentro do gramado. Pedras, garrafas e tijolos foram usados no enfrentamento, que fez o clube ficar impedido de disputar a competição por dois anos.

Sete anos mais tarde, houve um incidente ainda mais grave. Cerca de dez mil fãs da equipe londrina viajaram a Luton para outra partida da Copa da Inglaterra. O saldo da invasão mostra o tamanho da confusão na qual eles se meteram: 700 assentos foram jogados no gramado e mais de 80 pessoas ficaram feridas, sendo 33 delas policiais.

Nem mesmo a guerra aos hooligans promovida pelo governo britânico nas últimas décadas fez com que o lema "No one like us, we don't care" (Ninguém gosta de nós, nós não nos importamos), cantado a plenos pulmões pelo Bushwackers, deixasse de ser atual.

Em 2002, torcedores do Millwall usaram até fogos de artifício para deixar 45 policiais feridos após a frustração de o time não conseguir o acesso da terceira para a segunda divisão inglesa. Já em 2009, um clássico contra o West Ham, seu arquirrival, chegou a ser interrompido três vezes devido a invasões de campo.

A rivalidade entre Millwall e West Ham é tão famosa e temida que já foi parar até nas telas de cinema. Os sangrentos confrontos entre os dois clubes fazem parte do enredo da trilogia Hooligans (Green Street), lançada entre 2005 e 2013.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.