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Rafael Reis

Ele é alemão, vale R$ 100 mi e tem jogador do Fla como ídolo de infância

Rafael Reis

10/04/2017 04h00

Julian Brandt tem 20 anos, joga profissionalmente no Bayer Leverkusen desde fevereiro de 2014, está prestes a completar 100 partidas na Bundesliga, fez parte da equipe medalhista de prata nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, defende há um ano a seleção principal da Alemanha e vale 30 milhões de euros (R$ 100 milhões).

É esse o valor que, de acordo com a imprensa alemã, o Bayern de Munique pagará ao Leverkusen na próxima janela de transferências para contar com o jovem meia-atacante a partir da temporada 2017/18.

Isso se Liverpool, Borussia Dortmund ou qualquer outro dos vários clubes que já manifestaram interesse em contratá-lo não intervirem.

Em entrevista ao "Blog do Rafael Reis", Brandy fala sobre o desafio de não se deixar levar pela fama, relembra a derrota para o Brasil na final dos Jogos Olímpicos e revela que seu ídolo de infância é um brasileiro, o meia Diego, atualmente no Flamengo.

Confira a íntegra da entrevista com Julian Brandt:

Julian, você é uma das grandes promessas do futebol europeu. O quão difícil é, para um garoto de 20 anos, manter a cabeça no lugar sabendo que alguns dos mais importantes clubes do mundo desejam contratá-lo?
Não é tão complicado assim. Meu pai toma conta de todas as questões de mercado para mim. E, como confio 100% nele, posso me concentrar nas partidas, no meu time e no meu desempenho dentro de campo. Meu contrato com o Leverkusen vai até 2019 e temos um acordo: no final da temporada, vamos sentar para conversar com a diretoria sobre o que passou neste ano e os planos para o futuro.

Qual é o lado bom e o lado ruim de ser famoso tão jovem?
Sou um privilegiado. Não apenas por ter assinado um belo contrato ou porque as pessoas me reconhecem e pedem um autógrafo ou uma foto quando estou sentado em um café. Sou um privilegiado porque posso jogar futebol quase todo dia. Trabalho com aquilo que realmente gosto. O futebol é um grande jogo.

Você veio ao Brasil no último verão. Do que mais gostou por aqui?
Da hospitalidade do povo brasileiro. E, claro, do clima agradável. Um dia de sol na praia é algo que realmente toca seu coração. Ah, não posso esquecer: quase todo mundo no Brasil parece ser louco por futebol e entende muito do esporte.

Bem, vamos falar sobre os Jogos Olímpicos. Aqui no Brasil, a final olímpica do futebol foi considerada por muitos como uma espécie de "revanche do 7 a 1". Você sentiu esse clima no Maracanã?
Senti isso em todo canto. A derrota na Copa do Mundo de 2014 é algo que ainda dói no coração do brasileiro. Foi uma tragédia nacional. Mas não acho que a medalha olímpica de ouro e a vitória sobre nós mudou isso. Era um competição diferente, com times diferentes, exceto Neymar [o brasileiro não participou do 7 a 1 devido a uma contusão]. Então, eu não chamaria de revanche.

Ainda sobre Olimpíada, você achou uma certa apelação do Brasil usar um jogador já estabelecido internacionalmente, como Neymar, em uma competição destinada a jovens?
Toda seleção teve o direito de convocar três jogadores acima de 23 anos. Meu companheiro de time Lars Bender, por exemplo, tem 27 anos e também é um jogador estabelecido. Fiquei muito feliz por ter participado dos Jogos do Rio.

Quem é o seu maior ídolo no futebol? Por quê?
Hoje em dia, não tenho mais nenhum ídolo. Mas, quando eu era mais jovens e ia assistir às partidas da Bundesliga na minha cidade natal, Bremen, costumava admirar o Diego (no Werder). Ele era alguém especial, muito habilidoso, com uma técnica quase perfeita e jogava de forma muito elegante. Fico realmente feliz por ele ter voltado a jogar pela seleção.

Agora, para terminar, qual é a melhor escola de futebol do planeta: a alemã ou a brasileira?
É complicado para mim comparar essas duas filosofias. Elas são completamente diferentes. A alemã é baseada em uma grande força mental e tem a determinação e a disciplina como pontos muito importantes. Além disso, melhoramos muito nossa educação futebolística nos últimos 15 anos. Já o futebol brasileiro é bem diferente. Nele, a técnica é essencial. Todo movimento que eles fazem parece fácil e eles são cheios de truques. Para nós, alemães, futebol é uma paixão. Só que para os brasileiros, o futebol faz parte da vida, da identidade nacional. Mas há algo que liga essas duas filosofias: ambas são muito vencedoras.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.