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Rafael Reis

Por que a China não fez outra "limpa" nos clubes brasileiros?

Rafael Reis

16/01/2017 04h00

O torcedor que viu o desmanche corintiano e as idas de Luís Fabiano e Geuvânio para a segunda divisão chinesa, há um ano, chegou a imaginar que uma nova ofensiva em massa do maior mercado do Oriente acertaria em cheio os clubes brasileiros neste verão. Mas não foi o que aconteceu.

Nos primeiros 15 dias de janela de transferência da China, nenhum time da primeira divisão da liga mais rica da Ásia contratou sequer um atleta vinculado a uma equipe brasileira. E o cenário não deve mudar muito até o início da temporada, em março.

Renato Augusto

Afinal, são poucos os jogadores daqui que despertaram o interesse chinês recentemente: Marinho, Lucas Pratto, Lucas Lima (pelo menos segundo seu empresário, que se recusa a dizer qual é o clube que deseja o meia do Santos) e praticamente mais ninguém.

Mas o que aconteceu ao longo dos últimos 12 meses que fez o Brasil deixar de ser o principal local de captação de jogadores estrangeiros para o Campeonato Chinês?

Apesar de a pergunta sugerir uma resposta complexa, a razão é bastante simples.

Cada vez mais ricos (e sem nenhum indício de que esse crescimento esteja próximo de bater no teto), os clubes chineses conseguem hoje contratar jogadores melhores e mais caros do que aqueles que o mercado brasileiro tem a oferecer.

É isso mesmo, o futebol do Brasil ficou pequeno demais para os tamanhos da ambição e do dinheiro da China.

Basta dar uma olhada nos maiores nomes contratados nos últimos anos pelos times do país mais populoso do planeta para constatar isso.

Entre 2013 e 2014, os grandes reforços da Superliga Chinesa foram Montilo e Vágner Love. Um ano depois, Ricardo Goulart, Gilardino e Diego Tardelli. Na temporada passada, Alex Teixeira, Renato Augusto, Ramires, Gervinho, Gil, Hulk e Jackson Martínez. Agora, Tevez e Oscar.

Além disso, boa parte do primeiro escalão do futebol mundial recebeu nos últimos meses alguma oferta tentadora para ir jogar na China. E quando falo em primeiro escalão, estou falando de Messi, Cristiano Ronaldo, Rooney, Diego Costa…

Some-se a isso o fato de a China ter um limite bem rígido de apenas cinco estrangeiros por clube e de, a partir de 2017 só poder escalar três deles em uma mesma partida, e temos o cenário que afastou os clubes de lá do mercado brasileiro.

Enfim, se há pouco espaço para atletas estrangeiros e os times chineses têm dinheiro suficiente para contratar (ou ao menos sonhar) com grandes nomes estabelecidos na Europa, por que eles gastariam essas vagas com os jogadores de menor impacto que os clubes brasileiros têm a oferecer?


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.