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Rafael Reis

Envolvido em corrupção, time parceiro e “íntimo” da Fifa pode jogar Mundial

Rafael Reis

25/11/2016 06h00

Real Madrid, Atlético Nacional e América (MEX) podem ter como adversário no Mundial de Clubes, no próximo mês, no Japão, um clube que pertence a um dos principais patrocinadores da Fifa, entidade organizadora do torneio.

É que o Jeonbuk Hyundai Motors está a um passo de conquistar pela segunda vez na história a Liga dos Campeões da Ásia e assegurar classificação para a competição que reúne as melhores equipes de cada continente.

Hyundai

Após vencer o Al-Ain por 2 a 1 no primeiro jogo da final, o time sul-coreano precisa apenas de um empate (ou de derrota por um gol, desde que marque ao menos duas vezes) nos Emirados Árabes, neste sábado, para levantar o troféu e carimbar seu passaporte rumo ao Japão.

O clube, como o próprio nome denuncia, pertence à Hyundai, montadora com sede na Coreia do Sul, que também é dona da Kia e possui um forte programa esportivo –possui também equipes de futebol feminino, beisebol, vôlei, basquete, automobilismo, rúgbi e tiro com arco.

O problema ético é que a empresa do ramo automobilístico também é uma das seis principais parceiras comerciais da Fifa, ao lado de Adidas, Coca-Cola, Wanda, Gazprom e Visa.

Isso significa que a dona do Jeonbuk envia algo em torno de US$ 32 milhões (R$ 108 milhões) por ano para os cofres do Fifa.

Só que a ligação entre a montadora e a entidade organizadora do Mundial de Clubes (e também administradora do futebol pelo planeta todo) vai muito além dessa volumosa transferência de dinheiro.

Acionista majoritário da Hyundai, o empresário Chung Mong-joon ocupou entre 2002 e 2011 uma cadeira no comitê executivo da Fifa e chegou a ser vice-presidente da entidade. No ano passado, lançou-se candidato à sucessão de Joseph Blatter, mas o comitê de ética barrou sua participação na eleição.

O magnata sul-coreano está impedido de realizar qualquer atividade ligada ao futebol até 2020 por ter violado "em cinco pontos" o código de ética da entidade na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 –o que ele realmente fez não foi divulgado pela Fifa.

E esse não foi o único escândalo de corrupção no qual a "família Hyundai" se meteu no futebol.

O Jeonbuk deixou escapar o título sul-coreano deste ano porque foi punido com a perda de nove pontos e uma multa equivalente a US$ 85 mil (R$ 288 mil) porque um dos seus olheiros foi flagrado "comprando" dois árbitros da liga local em 2013.

Convenientemente, a Hyundai é a única das seis patrocinadoras premium da Fifa cujo nome não aparece no site oficial do Mundial de Clubes. Mas isso não apaga sua ligação com a entidade.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.