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Rafael Reis

Cabeça de touro e boicote: caçula da Alemanha é alvo de ódio de adversários

Rafael Reis

08/09/2016 06h00

Na primeira rodada, a cabeça de um touro foi lançada no estádio por torcedores do Dynamo Dresden. No jogo de abertura do Campeonato Alemão, a manifestação dos fãs do Hoffenheim foi mais usual: faixas ofendendo o adversário e reclamando que o "dinheiro compra tudo".

Os dois protestos tinham o mesmo alvo: o RB Leipzig, o clube mais odiado da Alemanha e um dos mais detestados do futebol mundial.

Estreante na Bundesliga, a primeira divisão alemã, o time é um dos cinco clubes de futebol espalhados pelo mundo que pertencem à Red Bull. E é isso que tanto incomoda aos adversários.

Red Bull

Pelo regulamento do futebol germânico, todos os clubes precisam ser associações esportivas (com sócios, como no Brasil). Empresas ou magnatas até podem ser acionistas das agremiações, mas são proibidas de terem o controle sobre elas.

Casos como os de Wolfsburg, que pertence à Volkswagen, e Bayer Leverkusen, de propriedade da Bayer, são excepcionais por serem anteriores a essa regulamentação.

Mas, o do Leipzig não. O time foi fundado em 2009, quando a Red Bull comprou do Markranstädt uma vaga na quinta divisão.

A empresa de energéticos conseguiu driblar as regulamentações da DFB (Federação Alemã de Futebol) e é quem na prática controla o clube. Só teve de abrir mão de usar sua marca no nome do clube.

O RB que precede o Leipzig não significa Red Bull, como a maioria das pessoas pensa, pois essa publicidade é ilegal por lá. As duas letras são as iniciais de RasenBallsport (Esporte com a Bola sobre o Gramado, em tradução livre para o português).

O "jeitinho alemão", expresso pelo nome, mas também pelo aval dado pela DFB à existência do RB Leipzig, incomoda demais os rivais, que o acusam de concorrência desleal por receber um aporte financeiro que seria, em tese, proibido pela lei.

Consideravelmente mais rico que seus adversários das divisões inferiores da Alemanha graças ao dinheiro da Red Bull, o clube foi subindo como um foguete. Foram quatro promoções em sete anos até a estreia na Bundesliga –empate com o Hoffenheim, dez dias atrás.

Mesmo na elite, o poderio financeiro da empresa de energéticos ainda se destaca.

Apesar de novato na primeira divisão, o Leipzig foi o quarto clube que mais gastou em reforços para esta temporada na Alemanha. Com 50 milhões de euros (R$ 182 milhões) investidos em contratações, só ficou atrás dos tradicionais Borussia Dortmund, Bayern de Munique e Wolfsburg.

É por isso que a torcida do Hoffenheim fez questão de levar ao estádio faixas com dizeres como "o dinheiro manda em tudo" e "ninguém quer vocês aqui" ou que fãs do Borussia Dortmund planejam boicotar a partida contra a equipe da Red Bull neste sábado.

Definitivamente, o RB Leipzig é o time mais odiado da Alemanha. E um dos mais detestados do mundo.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.