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Rafael Reis

Ídolo, Buffon já foi investigado por apostas e carregou fama de fascista

Rafael Reis

02/07/2016 06h00

Após grande atuação na vitória por 2 a 0 sobre a Espanha, nas oitavas de final da Eurocopa, Gianluigi Buffon fez questão de reverenciar o meia adversário Andrés Iniesta e de dizer que não se considera um goleiro tão bom quanto o alemão Manuel Neuer, seu rival neste sábado por vaga na semifinal do torneio continental.

As declarações dadas por um dos maiores nomes da posição em todos os tempos fizeram torcedores não só da Itália, mas do mundo todo, elogiarem a humildade do veterano capitão da Azzurra.

Mas a fama de bom moço é algo novo na longínqua carreira do goleiro de 38 anos. O passado de Buffon é marcado por polêmicas e comportamentos no mínimo inadequados para um ídolo nacional.

Buffon

O caso mais conhecido é a afeição que o camisa 1 tem pela jogatina.

Durante anos, ele manteve o costume de apostar em resultados de partidas de futebol. Algo grave em um país marcado por escândalos de manipulação de resultados. E pior ainda por ele defender a Juventus, clube que chegou a ser rebaixado por se beneficiar de esquemas como esse.

A participação de Buffon na máfia que armava placares do Campeonato Italiano chegou a ser investigada, e ele foi interrogado pela polícia.

O goleiro só escapou de punição porque não ficou provado que ele apostava em partidas do próprio time e nem que havia posto dinheiro na previsão de resultados depois de 2005, quando a prática foi criminalizada para jogadores de futebol. O título da Copa do Mundo-2006 também lhe deu uma ajudinha.

Antes da faceta apostadora do ídolo italiano vir à tona, a fama negativa com a qual Buffon precisava lidar era a de ser um simpatizante da extrema-direita e do fascismo.

A razão remonta ao início de sua carreira. Em 1999, quando ainda jogava pelo Parma, o goleiro escreveu em sua camisa de jogo a expressão "Boia chi Molla" (algo como "Quem desiste é um assassino dos seus próprios companheiros"), usada pelo exército de Benito Mussolini durante o regime fascista e a Segunda Guerra Mundial.

No ano seguinte, nova polêmica. O goleiro, que então já carregava a fama de simpatizantes de regimes radicais de extrema direita, decidiu utilizar a camisa 88, escolha que foi interpretada como uma apologia ao nazismo.

Explicando: a oitava letra do alfabeto é o H. Assim, o número 88 significaria HH, as iniciais de "Heil Hitler", a saudação feita pelos alemães a Adolf Hitler.

Buffon sempre negou as inclinações políticas radicais. Sobre o primeiro caso, disse desconhecer a história da expressão, que era apenas uma forma de motivar seus companheiros de time.

Quanto ao número, afirmou que optou pelo 88 por se tratar de quatro bolas de futebol e que essa camisa nem era sua primeira opção.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.