Garimpagem na Europa fez seleção do Haiti renascer após terremoto
Segundo adversário do Brasil na Copa Centenário, o Haiti disputa a competição do continente americano com um time digno de participar também da Eurocopa.
Mais de um terço dos 23 convocados do técnico francês Patrice Neveu para o torneio nos Estados Unidos nasceu no Velho Continente.
São sete franceses no elenco, inclusive o capitão e goleiro Johnny Placide e o atacante Jean-Eudes Maurice, com passagem pelo Paris Saint-Germain, além de um suíço, o lateral esquerdo Kim Jaggy.
Além dos oito europeus, ainda há no elenco haitiano um jogador nascido nos EUA, o goleiro Steward Ceus.
Os "estrangeiros", no entanto, não são atletas sem laço sanguíneo nenhum com o Haiti e que foram naturalizados apenas para deixar a seleção mais forte. São sim filhos e netos de emigrantes que foram tentar a sorte no exterior.
A garimpagem de descendentes haitianos espalhados pelo mundo foi a forma encontrada pelos haitianos para salvar sua seleção depois de o terremoto de 2010 destruir boa parte da já precária estrutura esportiva do país.
Entre as mais de 200 mil pessoas mortas em decorrência do tremor estavam 32 jogadores ou treinadores vinculados à federação local.
Parte dos jogadores que viviam longe do terremoto na época e hoje defendem o Haiti já haviam inclusive passado por seleções de base de outros países durante a adolescência.
O goleiro Placide, do Reims, defendeu o time sub-21 da França no tradicional Torneio de Toulon de 2009. Já o meia Soni Mustivar, do Sporting Kansas City, esteve nos Jogos do Mediterrâneo de 2009 com o sub-20 francês. E o zagueiro Stéphane Lambese, da base do PSG, foi jogador da equipe sub-17 francesa.
A presença dos europeus ajudou a seleção haitiana a evoluir muito nos últimos anos e alcançar o seu melhor nível das últimas décadas.
A equipe foi a sexta colocada na Copa Ouro do ano passado, sua melhor classificação desde 1981, resultado que lhe valeu uma vaga para a Copa América Centenário, e teve vitórias recentemente contra seleções tradicionalmente bem mais estruturas, como Honduras e Trinidade e Tobago.
Derrotar o Brasil, nesta quarta-feira, em Orlando, pode até ser um sonho considerado quase impossível pelos haitianos. Mas para quem, seis anos atrás só desejava a sobrevivência, só o direito de sonhar já vale muito.
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