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Rafael Reis

Copa Centenário só terá valor se for o início da unificação da América

Rafael Reis

05/06/2016 08h20

Se você está empolgado com a Copa América Centenário, é bom que saiba a verdade. Trata-se de de um torneio caça-níquel, inventado para que empresas de marketing esportivo e os dirigentes corruptos da Conmebol e Concacaf aproveitem o novo boom do futebol dos EUA para faturar algum dinheiro dos norte-americanos.

Caso a intenção fosse apenas celebrar o primeiro centenário da primeira competição importante entre seleções do mundo, bastava adiar em um ano a realização a Copa América de 2015, organizada e vencida pelo Chile.

Mas, ainda que por linhas tortas, a Copa Centenário pode acabar tendo sua importância. Desde que prove para a opinião pública e desperte de forma nos dirigentes a ideia de que o futebol da América precisa ser unificado.

Ainda que razões históricas tenham deixado o futebol sul-americano bem mais forte do que o praticado nas partes central e no norte do continente, não faz nenhum sentido que ele seja tratado como um mundo à parte.

Se você dizer para alguém que não entende nada de futebol que a Copa América é especial porque reúne entre seus 16 participantes representantes das três partes do continente certamente ouvirá como resposta um singelo: "não estou entendendo, não é sempre assim?

O mesmo vale para a Libertadores. Chega a ser ridículo que clubes mexicanos, tão americanos quanto brasileiros, argentinos ou uruguaios, participem da competição apenas como convidados e, em caso de título, não possam representar o torneio no Mundial.

Tão vergonhoso quanto não ter na disputa times dos EUA, do Canadá, da Costa Rica, do Haiti, de Honduras, de Cuba…

Não basta planos da iniciativa privada de organizar uma competição paralela que englobe times da América toda ou a intenção já expressa pelo presidente da Conmebol de colocar equipes do EUA ($$$) na Libertadores, a competição, assim como a Copa América, precisa ser do continente inteiro.

Se a Conmebol e a Concacaf, as organizações que dividem em dois a organização o futebol das Américas, quisessem recuperar a credibilidade destruída por terem sido protagonistas do maior escândalo de corrupção da história da modalidade, o melhor caminho seria a fusão delas.

Uma só Copa América, uma só Libertadores (ou Liga dos Campeões da América, se fosse o caso) e eliminatórias da Copa do Mundo integradas, talvez com fases preliminares para evitar que Messi fizesse dez gols contra as Ilhas Cayman. Será que é pedir demais?

Sei que isso é idealismo. É praticamente possível que os dirigentes do continente abram mãos de duas vagas de vice da Fifa, de duas presidências e dois postos de secretário-geral de confederações e, principalmente de dois orçamentos.

Afinal, para eles, o futebol fica sempre em segundo plano. E tudo se resume a política, dinheiro e poder.

Mas a Copa América Centenário me fez sonhar com isso, com a unificação do futebol do continente. Se fizer o mesmo por um número significativo de pessoas, já terá válido a pena.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.