A caminho da Eurocopa, curitibano virou polonês depois de abaixo-assinado
Pré-convocado para a disputa da Eurocopa, o zagueiro curitibano Thiago Cionek, 30, do Palermo (ITA), contou com uma ajudinha bem incomum para conseguir obter a cidadania polonesa.
Mais de 3 mil torcedores do Jagiellonia Bialystok, clube que defendeu entre 2008 e 2012, participaram cinco anos atrás de um abaixo-assinado enviado ao governo solicitando que o jogador, bisneto de poloneses que migraram ao Brasil há cerca de um século, tivesse sua naturalização aprovada.
Coincidência ou não, o processo, que estava há tempos paralisado na Justiça, foi retomado, e o zagueiro obteve ainda naquele ano o passaporte polonês.
"Eles não estavam me pedindo na seleção, ninguém falava disso na época. Só achavam que era uma questão moral, familiar. A legislação polaca reconhece a cidadania pelo sangue, não pelo lugar onde você nasceu. Então, sou tão polonês quanto qualquer outro," afirma o zagueiro.
Apesar de só ter aprendido a falar polonês quando se mudou para a Europa, Thiago foi criado no meio da colônia polonesa no Paraná. Sua avó só aprendeu o português aos 15 anos e sempre cozinhou para ele pratos típicos da terra dos antepassados.
Hoje, ele faz questão de que as conversas com ela sejam em polonês. O idioma também é o oficial do relacionamento com sua noiva, outra polaca, com quem vive na Itália. O português só é usado nos papos com os amigos e familiares que deixou no Brasil.
"Sempre sonhei em conhecer a Polônia, mas jamais imaginei que poderia jogar lá um dia. Tenho muito orgulho por ter feito o caminho de volta dos meus familiares depois de 100 anos", diz.
Curiosamente, a ida de Thiago para a terra dos seus antepassados acontece quase que por acaso. Descoberto por um empresário italiano enquanto defendia o CRB, em 2008, o zagueiro jogaria a princípio no Calcio.
Mas a transferência para a Itália não aconteceu porque ele teria de ocupar uma vaga de estrangeiro. Ir jogar no Jagiellonia Bialystok, então recém-promovido para a primeira divisão polonesa, foi uma espécie de plano B.
A mudança para o futebol italiano só acabou se concretizando quatro anos depois, já com passaporte polonês em mãos, quando se transferiu para o Padova. Em 2014, começou a ser convocado para a seleção.
Apesar de nunca ter sido titular, passou as eliminatórias da Euro-2016 inteiras sendo chamado para compor o elenco. Na última quinta, foi um dos 28 jogadores relacionados para a fase de treinos visando a fase final da competição continental.
Agora, vive a expectativa de ajudar, da forma que for possível, o astro Robert Lewandowski, do Bayern de Munique, a carregar a Polônia rumo a uma boa campanha no torneio. Para orgulho não só dele, mas de toda uma família polonesa que vive em Curitiba.
"Tem algumas pessoas aqui na Polônia que querem uma seleção só de polacos. Mas isso é coisa de gente desinformada. Quem conhece minha história sabe que minha escolha não é profissional. Sou descendente de polonês. Tenho sangue polaco."
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