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Rafael Reis

Com fartura de talento, França deve ser a próxima "melhor seleção do mundo"

Rafael Reis

09/04/2016 06h00

A França só conseguir vencer a Eurocopa ou Copa do Mundo quando teve em campo um dos seus dois melhores jogadores de todos os tempos, os camisas 10 Michel Platini e Zinedine Zidane.

É bastante provável que essa escrita caia por terra ao longo próximos dez anos. Talvez já se transforme em uma ideia ultrapassada no próximo mês de julho, já que os Bleus são anfitriões e um dos favoritos ao título da Euro-2016.

A 21ª colocação no ranking da Fifa, resultado prático dos quase dois anos sem disputar uma mísera partida oficial, ajuda a esconder a mais forte candidata ao posto próxima melhor seleção do mundo.

A França de 2016 lembra muito o início dos trabalhos que levaram Espanha e Alemanha à conquista das duas últimas Copas: fartura de jogadores talentosos em trajetória ascendente e a sensação de que falta apenas um título para a consagração.

O goleiro Lloris, o zagueiro Varane, o meia Pogba e o atacante Benzema (ainda que temporariamente afastado da seleção devido ao escabroso caso de extorsão contra o ex-companheiro Valbuena) estão entre os melhores jogadores do mundo em suas posições.

Kanté, Matuidi, Payet, Griezmann e até os tradicionalmente questionados Koscielny e Giroud não ficam muito atrás.

E há ainda vários jovens que já ganharam destaque em grandes clubes da Europa e podem evoluir muito mais, caso do lateral esquerdo Digné, 22, da Roma, e dos atacantes Martial, 20, do Manchester United, e Coman, 19, do Bayern de Munique.

Capitão da França nas duas últimas grandes conquistas da seleção, as da era Zidane (Copa-1998 e a Euro-2000), o ex-volante Didier Deschamps é o técnico responsável por tentar transformar toda essa qualidade de talento em um time de primeira grandeza.

Os últimos resultados passam a ideia de que ele está conseguindo esse objetivo. A seleção anfitriã da próxima Euro venceu sete dos seus oito amistosos mais recentes. Bateu, por exemplo, Portugal, Holanda e a campeã mundial, Alemanha.

A única derrota, para a Inglaterra, aconteceu em circunstâncias atípicas, logo depois dos atentados terroristas em Paris, em novembro, que abalaram os jogadores e todo o país.

Evidentemente, Deschamps ainda tem trabalho para fazer. Falta encontrar um lateral direito mais confiável que Jallet ou Sagna, encontrar uma reforma de reinserir Benzema no elenco e definir se vale a pena voltar a apostar em Ribéry, 32, do Bayern.

Mas a semente para a próxima melhor seleção do mundo já foi plantada. E dificilmente não dará frutos nos próximos anos.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.