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Rafael Reis

Argentina tem 15 técnicos na Libertadores; Brasil, só 3

Rafael Reis

05/02/2016 06h00

A decisão do São Paulo de encarar a Libertadores com um treinador argentino está longe de ser especial. Segue, na verdade, uma tendência de mercado.

Edgardo Bauza, bicampeão com a LDU (2008) e com o San Lorenzo (2014), é apenas um dos 15 técnicos argentinos na disputa da principal competição interclubes das Américas nesta temporada.

Ou seja, quase 40% dos 38 clubes participantes da Libertadores têm um argentino como comandante no banco de reservas.

Os cinco representantes da Argentina são dirigidos por técnicos argentinos. Pelo menos um time de Equador, Brasil, Chile, Venezuela, Peru, México e Bolívia, também.

Apenas os clubes colombianos, paraguaios e uruguaios optaram por não começar a Libertadores usando esse popular expediente.

Bauza

A alta dos treinadores argentinos no mercado sul-americano contrasta com a presença mínima dos técnicos brasileiros na Libertadores.

Nenhum time estrangeiro que participa da competição neste ano é treinado por um representante do futebol pentacampeão mundial.

E, mesmo dentro de casa, os treinadores brasileiros estão em baixa. Além do São Paulo, o Atlético-MG também entregou seu time nas mãos de um gringo, o uruguaio Diego Aguirre.

Com isso, Tite (Corinthians), Marcelo Oliveira (Palmeiras) e Roger Machado (Grêmio) são os três únicos técnicos brasileiros na Libertadores.

Até o Uruguai, um país com população de pouco mais de 3 milhões de habitantes, têm mais do que isso –são sete treinadores.

É claro que a questão do idioma e os salários mais altos pagos pelo futebol brasileiro em relação aos vizinhos prejudicam a exportação de técnicos para o restante da América do Sul.

Mas não é essa a única explicação para o fato de haver 15 treinadores argentinos e apenas 3 brasileiros na Libertadores. Há uma diferença de imagem (para não dizer de qualidade mesmo) entre eles.

O sucesso dos argentinos na Europa mostra isso. Diego Simeone foi campeão espanhol e vice da Europa pelo Atlético de Madrid. Tata Martino dirigiu o Barcelona. Mauricio Pochettino faz um trabalho consistente no Tottenham.

Enquanto isso, não se ouve falar em técnicos brasileiros trabalhando nem no terceiro escalão do futebol europeu. Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid, Felipão no Chelsea e Leonardo no Milan, Inter e PSG foram pontos fora da curva.

Os técnicos argentinos dominam a Libertadores e são importantes em todo o mundo. Já os brasileiros estão sumindo até da Libertadores.

Confira a lista dos técnicos argentinos da Libertadores-2016:

Claudio Borghi (LDU)
Dalcio Giovagnoli (Cobresal)
Edgardo Bauza (São Paulo)
Eduardo Coudet (Rosario Central)
Eduardo Domínguez (Huracán)
Facundo Sava (Racing)
Horacio Matuszyczk (Trujillanos)
Marcelo Gallardo (River Plate-ARG)
Mariano Soso (Sporting Cristal)
Omar de Felippe (Emelec)
Pablo Guede (San Lorenzo)
Pablo Marini (Puebla)
Rodolfo Arruabarrena (Boca Juniors)
Rubén Darío Insúa (Bolívar)
Sebastián Beccacece (Universidad de Chile)

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.