Topo

Rafael Reis

Antigo ídolo alerta: ir para China ainda significa se distanciar da seleção

Rafael Reis

21/01/2016 06h10

O primeiro grande ídolo brasileiro no futebol chinês faz um alerta: aceitar uma proposta milionária de transferência e se mandar para o Oriente não é necessariamente uma boa ideia.

De acordo com o meia-atacante Muriqui, ex-Vasco e Atlético-MG, que defendeu o Guangzhou Evergrande por quatro anos e foi eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões da Ásia em 2013, jogar na China ainda hoje significa ficar longe da seleção.

"O Diego Tardelli foi para a China e foi chamado na convocação seguinte porque tinha ido bem nos amistosos da seleção. Não foi pelo que estava fazendo na China. Quando não foi bem pela seleção, parou de ser convocado", disse.

"O mesmo vai acontecer com o Renato Augusto. Ele estará na próxima convocação porque foi bem no último jogo da seleção. Mas se cair na próxima partida, não sei se terá outra chance. O Campeonato Chinês é um passaporte para a independência financeira, mas não é visto", completou.

Muriqui

Eleito o melhor jogador do último Brasileiro e titular da seleção na vitória por 3 a 0 contra o Peru, em novembro, o meia Renato Augusto trocou o Corinthians pelo Beijing Guoan.

O zagueiro corintiano Gil, que também vinha sendo chamado por Dunga, é outro selecionável a trilhar esse caminho. Ele irá atuar no Shandong Luneng neste ano.

O alerta de Muriqui a Renato Augusto, Gil ou qualquer outro brasileiro que tenha pretensão de defender a seleção tem um exemplo claro em Ricardo Goulart.

Apesar de ter sido campeão, artilheiro e craque do Chinês e da Liga dos Campeões da Ásia pelo Guangzhou Evergrande no ano passado, o jogador não conseguiu recuperar a vaga que tinha na seleção que quando defendia o Cruzeiro.

Se sair do radar de Dunga é o lado negativo de jogar na China, há um ponto muito positivo em se mudar para o país mais populoso do mundo: dinheiro. Ou melhor, muito dinheiro.

"Foi lá que fiz minha independência financeira. Um jogador de futebol precisa ganhar até os 35 anos dinheiro suficiente para se manter pelo resto da sua vida", argumenta.

Muriqui, que foi contratado pelo Guangzhou em 2010 para atuar na segunda divisão, lembra bem do bicho milionário que recebeu na primeira partida da Liga dos Campeões que disputou, em 2012.

"Nossa estreia foi contra o Jeonbuk Hyundai, da Coreia do Sul, e tínhamos pretensão de ser campeões. O dono do clube foi ao vestiário e nos prometeu um extra por cada gol de diferença que marcássemos. Vencemos por 5 a 1 e ganhamos o equivalente a uns R$ 250 mil. Nem na Europa se paga uma premiação tão grande por um jogo."

Hoje, os valores que o futebol chinês movimenta são ainda maiores. Outro ex-Corinthians, Jadson, vai receber R$ 40 milhões em salários pelos dois anos do contrato recém-assinado com o Tiajin Quanjian, da segunda divisão.

Ao contrário de todos esses campeões brasileiros pelo Corinthians, Muriqui não irá participar da próxima edição do Chinês. Desde 2014, ele atua pelo Al-Sadd, do Qatar.

Visita à China agora só em um eventual confronto pela Liga dos Campeões.

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.