Quer jogar futebol e estudar? Saiba como ir para os EUA
O meia Fábio Pereira era apenas um adolescente de 16 anos que se destacava nas peladas com os amigos em São Paulo quando recebeu um convite para passar a treinar nas categorias de base da Ponte Preta.
Apesar do sonho de se tornar um jogador profissional de futebol, ele recusou a proposta. Mudar-se para Campinas significaria ter de abandonar o colégio e depositar todas suas fichas no sucesso esportivo.
O que poderia significar o fim prematuro da carreira de Fábio dentro de campos foi, na verdade, o início da sua trajetória como jogador.
O garoto encontrou uma forma de conciliar futebol e estudos indo para os Estados Unidos.
Por dois anos, esteve na high school (equivalente ao ensino médio brasileiro) em Connecticut, no nordeste norte-americano. O sucesso na equipe de futebol do colégio lhe deu bolsa integral para estudar administração na Universidade de Michigan.
Dos bancos e campos universitários, foi draftado para jogar no Seattle Sounders, time da Major League Soccer. Hoje, oito anos depois da escolha de tentar a sorte nos EUA, prepara-se para disputar o Campeonato Mineiro pelo Uberlândia.
"Não trocaria o que eu vivi por nada. A cultura do futebol no Brasil é muito atrasada: ou você joga, ou estuda. O futuro é esse modelo dos EUA. Se eu tivesse ficado por aqui, teria outra cabeça. Ter estudado fora abriu muitas portas na minha vida", disse o jogador, que, além da carreira nos gramados, também trabalha em uma empresa que administra patrimônios.
Casos como o de Fábio têm se tornado cada vez mais comuns. Apenas a 2SV, empresa pioneira no ramo de exportação de atletas-estudantes no país, enviou mais de mil brasileiros para os colégios e universidades norte-americanas nos últimos dez anos.
Desses, oito já se tornaram jogadores profissionais. A lista de intercambistas da empresa também teve filhos do técnico do Corinthians, Tite, e de Djalminha, ex-jogador do Palmeiras e do Flamengo.
"Nosso foco não é formar jogadores profissionais, mas sim dar uma oportunidade de futuro para os meninos", disse Ricardo Silveira, um dos sócios da empresa.
Ele próprio teve uma carreira de atleta-estudante nos EUA. Formado em administração, custeou os estudos com a bolsa que recebia por fazer parte da equipe de futebol da Universidade da Carolina do Sul.
"Uma faculdade nos EUA custa entre US$ 25 mil e US$ 50 mil por ano (até R$ 190 mil). O menino que joga bem vai pagar quase nada ou nada."
A empresa trabalha com estudantes-atletas de 13 a 21 anos. Quem tiver interesse em se aventurar nos EUA, passa por uma avaliação técnica, aulas de inglês, acompanhamento psicólogo e treinamentos para melhorar suas habilidades.
Conforme as vagas surgem nos colégios e universidades parceiros do programa, as bolsas (de 10% ao valor integral do curso escolhido) vão sendo disponibilizadas. Se aprovado pelos treinador das equipe norte-americana, o garoto viaja e inicia os estudos/treinos. Esse processo costuma demorar entre oito a 14 meses.
"Tenho amigos que jogam na base do São Paulo e do Corinthians e estão tentando sair de lá para ir para os EUA. Eles estão entendendo que vida vai além do futebol", completa Fábio.
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