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Rafael Reis

Lúcio defende futebol da Índia, alfineta São Paulo e cogita volta ao Brasil

Rafael Reis

07/12/2015 07h15

Aos 37 anos e depois de passagens desastrosas por São Paulo e Palmeiras, o zagueiro Lúcio ainda nem pensa em aposentadoria.

O ex-capitão da seleção, que desde outubro disputa a Superliga da Índia pelo FC Goa, time dirigido por Zico, cogita inclusive um retorno ao futebol brasileiro. Mas não sem antes dar uma cutucada nos seus últimos times.

"Nem todos os clubes são iguais", disse o jogador, quando perguntado sobre a possibilidade da volta para casa.

O ex-jogador do Bayern de Munique e da Inter de Milão foi afastado das duas últimas equipes em que atuou no futebol brasileiro.

No São Paulo, a coisa foi mais séria. Em 2013, o zagueiro teve um desentendimento com o técnico Paulo Autuori por levar um familiar para auxiliá-lo no treinamento e acabou tirado do elenco principal no meio da temporada.

Já no Palmeiras, a decisão da diretoria foi não integrá-lo ao elenco deste ano depois de a equipe lutar contra o rebaixamento no Brasileiro na temporada passada. O contrato, que iria até o fim de 2015, foi encerrado antecipadamente.

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A solução encontrada para retomar a a carreira foi aceitar um convite para jogar na Índia, que criou uma liga milionária em 2014 e tirou da aposentadoria antigos astros do futebol mundial, como o zagueiro italiano Materazzi, o meia francês Pires, o sueco Ljungberg e, já nesta temporada, Roberto Carlos, que se tornou técnico e jogador do Dehli Dynamos.

"Jogadores aposentados, tinha no ano passado. Neste ano, as equipes se prepararam melhor e com jogadores atuantes", afirmou, defendendo o nível da competição.

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA:

Você jogou a carreira toda em países com o futebol já consolidado. Como tem sido essa experiência de atuar na Índia?
É um desafio novo, uma nova experiência. A princípio, está correndo tudo bem, os jogos são muito bem organizados. O torneio é muito bonito e bem divulgado por aqui. Todos os jogadores são bem tratados e respeitados.

Por que, aos 37 anos, você topou esse desafio completamente novo na sua carreira?
Como falei, é um desafio novo para mim. Foi também pelo fato de ter sido bem recomendado pelo Zico [técnico do Goa]. Estou feliz com a receptividade das pessoas aqui.

A liga indiana tem jogadores que até aposentados já estavam, mas que são tecnicamente ótimos. Como você descreveria o nível da competição?
A competição está bem nivelada. Jogadores aposentados, tinha no ano passado. Neste ano, as equipes se prepararam melhor e com jogadores atuantes.

Você teve passagens conturbadas por São Paulo e Palmeiras. Agora que já passou, saberia dizer o que deu errado?
No São Paulo, acho que o problema era que esperavam que eu fosse a solução para o time. Mas, um time é feito de um grupo de jogadores. Trata-se de um esporte coletivo, não individual. No Palmeiras, não houve nada de errado, só uma decisão de escolha.

Você tem algum arrependimento de ter ido para um desses dois clubes ou de algo que tenha acontecido por lá?
Não, foram experiências não muito boa, mas a vida segue.

Quais são seus planos para o futuro? Ainda quer voltar a jogar no Brasil antes de se aposentar?
Vivo um dia de cada vez. Enquanto tiver saúde e Deus me permitir continuar jogando, vou seguir jogando. Jogar de novo no Brasil seria possível sim. Nem todos os clubes são iguais.

E depois da aposentadoria, planeja fazer o quê?
É difícil dizer, mas pretendo ficar por dentro do futebol. O futuro a Deus pertence.

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.