Brasileiro foi abandonado pelos pais e "caiu no colo" da seleção da Holanda

O lateral esquerdo Lucas Bijker, 22, do Heerenveen (HOL), time que já teve Afonso Alves como estrela, nasceu no Brasil, mas passou por quase todas as seleções de base da Holanda.

Só que ao contrário de tantos brasileiros (jovens ou não) que optam por defender outros países pensando em melhorar as perspectivas de suas carreiras, a escolha de Lucas não visa nenhum benefício profissional.

Para ele, o Brasil é apenas uma pequena parte de uma história da qual ele foi privado. A história de sua família.

Natural de São Paulo, o jogador foi abandonado por seus pais quando ainda era um bebê. Adotado por holandeses, mudou-se para a Europa antes mesmo de seu cérebro produzir memórias brasileiras.

Em conversa com a reportagem há cerca de três anos, Lucas confidenciou ter um "relacionamento estranho" com seu país de origem.

Ele nunca tinha retornado ao Brasil e também não falava uma só palavra em português, mas sentia uma conexão especial com ele.

Admirava, entre outras coisas, o futebol brasileiro, apesar de considerar que seu jeito de se portar em campo tem muitos mais traços holandeses.

Lucas cresceu em Leeuwarden, uma cidade na região norte da Holanda e que está localizada a quase 10 mil quilômetros de sua terra natal.

Ele se destacou atuando pelo nanico Cambuur, de onde saiu nesta temporada rumo ao Heerenveen, uma força mediana do futebol holandês. Desde os 18 anos, ele defende as seleções de base do país: passou pelos times sub-19, sub-20 e sub-21.

Seu caso é importante para nos lembrar que a situação dos jogadores naturalizados no mundo contemporâneo não é tão simples quanto parece e vai muito além de escolhas financeiras ou oportunistas.

Com a redução das fronteiras entre os países e os crescentes processos migratórios, a escolha de qual seleção defender muitas vezes é uma questão de identidade, não de profissionalismo.

Foi o caso de Lucas. É o caso de tantos que não têm apenas um país de origem. São cidadãos do mundo.