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Rafael Reis

Ele já foi chamado de "Pelé do século 21", mas fracassou em 8 países

Rafael Reis

27/10/2015 06h20

O "Pelé do século 21" só não passou os últimos três anos sem marcar um mísero gol graças à quarta divisão do Campeonato Finlandês.

O time B do modesto KuPs foi o único que viu norte-americano Freddy Adu balançar as redes como um jogador profissional de futebol nos últimos tempos.

Aos 26 anos, o garoto que conquistou o mundo nos Mundiais sub-17 e sub-20 de 2003 e virou celebridade teen só acumula decepções.

Já são 12 clubes como profissional, inclusive o Bahia, onde esteve em 2013. Em nenhum deles, deixou saudades.

A carreira do meia é praticamente um checklist de decepções. Ele flopou nos Estados Unidos, em Portugal, na França, na Grécia, na Turquia, no Brasil, na Sérvia e até na Finlândia.

Adu

Atualmente, defende o Tampa Bay Rowdies, que disputa a NASL (North American Soccer League), algo equivalente à segunda divisão do soccer norte-americano. Apesar de titular, não tem tido brilho nenhum.

Adu é mais famoso do que qualquer dos seus companheiros de equipe, mas apenas pelo que fez no passado. Em um passado já bastante distante.

Imigrante ganense que se mudou para os EUA aos 8 anos porque a mãe ganhou o "green card" em uma loteria, o garoto virou a sensação do futebol mundial ao brilhar mesmo enfrentando adversários de quatro a sete anos mais velhos nos Mundiais de base de 2003.

Rapidamente, começou a ser tratado como fenômeno. Comparado a Pelé, assinou contrato de US$ 1 milhão de patrocínio com Nike e virou reportagem no "New York Times". Tudo isso com apenas 13 anos.

Aos 14, profissionalizou-se com o maior salário entre todos os jogadores da MLS (Major League Soccer), a principal competição de futebol nos EUA. Foi seu auge.

Desde então, nada mais deu certo na carreira de Adu. Ele até teve esporádicas participações na seleção principal entre 2006 e 2011. Sempre mais pelo nome do que pelo futebol que apresentava.

Em 2012, teve uma temporada até que decente pelo Philadelphia Union, time do país que o acolheu ainda na infância. Em 32 partidas, marcou oito gols. Foram seus últimos. A menos que você considere a quarta divisão do futebol da Finlândia.

"Não acho que sou só mais um bom jogador. Acredito que sou mesmo especial. Sou tão bom quanto todo mundo achava que eu era. E ainda posso ser aquele jogador que todos esperavam", disse o meia, em entrevista a mim, publicada em 2012 pela "Folha de S. Paulo".

É, meu caro Adu, pode esquecer. o "Pelé do século 21" foi apenas uma ilusão.

 

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.