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Rafael Reis

Três seleções têm potencial para ser a "próxima Bélgica"; saiba por quê

Rafael Reis

24/10/2015 08h00

A bola da vez é a Bélgica. No passado, já foi a Costa do Marfim, a Croácia, a Romênia, a Bulgária, a Colômbia. Todas seleções tradicionalmente de segundo ou terceiro escalão que produziram uma geração excepcional de jogadores que transformaram seus times no hit do momento no futebol mundial.

Nenhuma delas conquistou títulos relevantes e a atual safra belga foi a única delas que alcançou o topo do ranking da Fifa. Mas todas marcaram uma geração de torcedores e fãs saudosistas.

Hoje, mesmo sem ganhar nada, a Bélgica já é realidade. Hazard, Courtois e Benteke são os Valderramas, Stoichkovs, Hagis, Sukers e Drogbas dos dias atuais.

Mas, e nos próximos anos, quem herdará o posto dos belgas? Que países estão chegando com uma geração extraordinária, incomum para sua história e capaz de dar uma sacudida nas forças do futebol mundial.

É claro que esse é um exercício de futurologia. E como toda futurologia está passível de erros, muitos erros. Mas há alguns indícios que mostram que já tem gente correndo na frente pelo posto de nova Bélgica.

A primeira seleção que vem à cabeça é o Chile. Afinal, trata-se de um grupo que foi campeão da Copa América pela primeira vez na história, um time invejado pelo entrosamento e com estrelas de primeira grandeza, casos de Alexis Sánchez e Vidal.

Mas os chilenos já estão aí há um tempo e hoje são reconhecidos como um dos adversários mais fortes que qualquer seleção pode enfrentar. Não parecem ser sucessores dos belgas, mas sim contemporâneos deles.

Quem ainda não ganhou todo esse respeito, mas caminha para isso é o País de Gales. Desde 2012, sua seleção não para de subir no ranking da Fifa. Nos últimos três anos, saltou da 82ª colocação na lista para a oitava.

Belgica

A classificação para a Eurocopa-2016, a primeira para a fase final de um torneio desde a Copa do Mundo de 1958, foi mais uma mostra do crescimento galês.

O país tem um craque, Gareth Bale, do Real Madrid. Mas ao contrário de Ryan Giggs, astro da geração anterior, ele não está sozinho. Tem a companhia de um grupo de bons jogadores estabelecidos em grandes clubes da Inglaterra, como os meias Aaron Ramsey (Arsenal) e Joe Allen (Liverpool) e o lateral esquerdo Ben Davies (Tottenham).

Olhando pouco mais para o futuro dá para imaginar Portugal se justando ao grupo das grandes forças do futebol mundial. Aparentemente, Cristiano Ronaldo, 30, deu azar. A geração que poderia fazer brigá-lo por títulos só irá encontrá-lo já nos últimos anos de sua carreira.

Os portugueses fazem um trabalho muito consistente na base. Nos últimos dois anos, chegaram pelo menos às semifinais dos Campeonatos Europeus das três categorias existentes: sub-21, sub-19 e sub-17.

Ao contrário de tempos anteriores, em que os principais clubes preferiam sempre importar jogadores da América do Sul a usar jovens, hoje cada um dos três maiores times do país têm pelo menos um garoto candidato a craque entre os titulares.

No Porto, o volante Ruben Neves, 18, tornou-se durante a semana o mais jovem capitão da história da Liga dos Campeões da Europa. Já o Benfica tem no meia-atacante Gonçalo Guedes, 18, um dos seus principais jogadores da temporada.

Enquanto isso, o Sporting, o clube que revelou Cristiano Ronaldo, voltou a brigar pelo protagonismo no futebol português ao juntar no mesmo time jovens talentos como o volante João Mário, 22, e os meias-atacantes Carlos Mané, 21, e Gelson Martins, 20.

Por fim, há o caso especial de Marrocos. Sem disputar uma Copa do Mundo desde 1998, o país do norte-africano tem condições de montar uma seleção de primeiro escalão em um futuro próximo, desde que consiga parar de perder tantos jovens talentos com dupla cidadania para os países da Europa onde eles moram.

Sua seleção já deixou escapar três dos candidatos a protagonista dessa próxima geração: o meia Adam Maher, 22, do PSV, e os atacantes Zakaria Bakkali, 19, do Valencia, e Munir el Haddadi, 20, do Barcelona, já inseridos nas seleções adultas de Holanda, Bélgica e Espanha, respectivamente.

Mas ainda há talento para ser disputado com os europeus. O meia Hachim Mastour, 17, emprestado pelo Milan ao Málaga, é um sucesso no YouTube e candidato a futuro astro do futebol mundial.

Os meias-atacantes Bilal Ould-Chikh, 18, que nasceu na Holanda e atua no Benfica, e Ismail Azzaoui, 17, do Wolfsburg, principal jogador da seleção sub-17 da Bélgica, são outros jovens talentosos que poderiam fazer parte dessa ascensão marroquina.

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.