Jogadores naturalizados na seleção brasileira, que mal tem?
O atacante argentino Lucas Pratto, vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro, com 12 gols, deu a entender durante a semana que aceitaria um convite para defender a seleção de Dunga.
O jogador do Atlético-MG, no entanto, ainda não possui condições legais de jogar pelo Brasil. Mas, se um dia obtiver essa cidadania, por que não permitir que ele (ou qualquer outro) vista a camisa amarelinha?
Já até imagino as respostas de "ah, mas isso é uma afronta ao futebol pentacampeão mundial" ou "ele é um argentino, vai desrespeitar nosso país".
Balela. Eusébio, o maior jogador português antes de Cristiano Ronaldo, nasceu em Moçambique (então uma colônia lusitana). E também não consigo imaginar muitos espanhóis reclamando caso Messi tivesse optado por atuar pela Fúria, e não pela Argentina.
Em um país que foi construído por imigrantes, como é o Brasil, descartar uma possível ajuda nascida fora do país à seleção beira a xenofobia.
Em que mundo, por exemplo, Petkovic deve ser considerado menos brasileiro que Rafinha Alcántara?
Tudo bem que o ídolo de Flamengo, Fluminense e Vasco é natural da antiga Iugoslávia, mas ele mora no Brasil, quase que ininterruptamente, há praticamente 20 anos. Enquanto isso, o meia do Barcelona, apesar de ter nascido por aqui, vive desde a adolescência na Espanha.
A resposta é simples. Não há diferença entre eles. Ambos são brasileiros. Cada um do seu jeito.
Além dessa questão de cidadania e respeito ao próximo, a abertura da seleção para estrangeiros é uma tendência global. E não há porque o Brasil fugir dela.
Praticamente todas as principais seleções do mundo, como Espanha, Itália, França e Alemanha, foram nas últimas décadas buscar fora aquilo que elas não conseguiram produzir em casa.
O próprio Brasil já fez isso, ainda que apenas na base. Andreas Pereira, um meia de elevada inteligência tática do Manchester United, jogou pela Bélgica, país onde nasceu e cresceu, até a seleção sub-17, quando foi convencido pela CBF a passar a defender a equipe sub-20 da terra do seu pai.
Falta romper essa barreira no adulto, assim como faltam ao Brasil boas opções para o ataque.
Pratto pode até não ser a resposta para esse problemas. Mas a simples discussão sobre a possibilidade de um dia convocá-lo já é muito enriquecedora para a seleção.
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