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Rafael Reis

Libertadores copia Champions e descobre que dinheiro traz felicidade

Rafael Reis

30/08/2019 04h20

Foi-se o tempo de zebras como o título do Atlético Nacional (COL) e finalistas pouco expressivos no cenário continental, como Nacional (PAR) e Independiente del Valle (EQU). As semifinais da Libertadores deste ano são uma prova de que o dinheiro tem um papel cada vez mais determinante no futebol sul-americano.

Os quatro times que continuam na briga pelo título continental estão entre os cinco elencos mais valiosos da competição, segundo levantamento do site "Transfermarkt", especializado na cobertura do Mercado da Bola.

Crédito: Divulgação

O ranking é liderado pelo Boca Juniors, com valor estimado em 154,6 milhões de euros (R$ 670 milhões). Seu adversário na briga por vaga na decisão, o River Plate, ocupa a segunda colocação – 120,2 milhões de euros (R$ 520,7 milhões).

Já a semifinal brasileira irá reunir o Flamengo, dono do quarto elenco mais caro da Libertadores (118,1 milhões de euros, ou R$ 511,6 milhões), e o Grêmio, quinto colocado na lista da riqueza, com 109,4 milhões de euros (R$ 473,9 milhões).

Além disso, o Palmeiras, que tem o terceiro elenco mais rico do torneio, com valor estimado em 119,5 milhões de euros (R$ 517,6 milhões), também não caiu cedo. Foi até as quartas de final e perdeu no confronto direto com os gremistas.

Vale lembrar ainda que Boca, River, Grêmio e Palmeiras foram os semifinalistas do ano passado e que três deles repetiram o feito nesta temporada. Ou seja, está claro que o futebol sul-americano agora tem uma elite muito bem definida. Não só na bola, mas também nas finanças.

Esse fenômeno já aconteceu na Europa. A partir do começo do século, ficou muito difícil para clubes de mercados menores irem longe na Liga dos Campeões. Casos como o do Ajax, semifinalista na temporada passada, são cada vez mais raros em uma competição dominada principalmente pelos gigantes da Espanha e da Inglaterra.

Mas, por que isso está acontecendo agora na América do Sul?

Não é de hoje que River e Boca são mais ricos que os outros clubes argentinos, nem que Flamengo e Grêmio fazem parte da elite econômica brasileira, muito menos ainda que Argentina e Brasil são os países mais poderosos do continente.

A diferença é que agora eles estão administrando melhor o dinheiro e conseguindo transformar essa vantagem financeira em ações concretas que levam a resultados mais expressivos dentro de campo.

É só porque está bem das finanças que o Grêmio pode se dar ao luxo de não negociar Everton por qualquer mixaria vinda dos clubes europeus e que o Flamengo conseguiu montar um time cheio de jogadores de longa trajetória no Velho Continente, como Rafinha, Filipe Luís e o goleiro Diego Alves.

O mesmo se aplica aos argentinos. Nesta janela de transferências, o Boca repatriou o meia Eduardo Salvio (ex-Benfica e Atlético de Madri) e se fortaleceu com o italiano Daniele de Rossi, ídolo da Roma. O River, por sua vez, consegue ter um elenco dos mais experientes e repleto de jogadores com altos salários.

Dinheiro vira melhores jogadores, que dão origem a resultados mais expressivos. Depois de muito tempo batendo cabeça, o futebol sul-americano parece estar aprendendo a óbvia fórmula do sucesso. Não é mágica, mas sim competência.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.