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Rafael Reis

Everton brilha no Grêmio, mas é ignorado pela elite europeia. Por quê?

Rafael Reis

16/08/2019 04h20

Quando viu Everton Cebolinha ser um dos protagonistas da seleção brasileira na conquista da Copa América e terminar a competição como artilheiro, o Grêmio acreditou que faria neste ano a maior venda de sua história.

Desde o encerramento do torneio continental, já se passou mais de um mês. Agora, restam só duas semanas para o fechamento da janela de transferências dos principais mercados da Europa. Mesmo assim, o atacante segue firme e forte no clube gaúcho.

Crédito: Diego Varas/Reuters

As ofertas polpudas que os dirigentes gremistas imaginaram que chegariam aos montes simplesmente não existiram. Assim, é bem possível que Everton continue em Porto Alegre até o fim do ano.

Mas por que um jogador de tantos recursos técnicos e que se tornou uma espécie de xodó da seleção brasileira não é suficientemente interessante para as equipes do primeiro escalão do futebol mundial?

É verdade que o Grêmio quer uma bela grana pelo atacante: 40 milhões de euros (R$ 173,3 milhões) apenas pelos 50% dos direitos econômicos que lhe pertencem. Mas, não, o problema principal não é o preço.

O que realmente tem afastado Everton dos Barcelonas, Manchesters, Liverpools e Bayerns da vida são sua idade e também a falta de uma histórico de sucesso desde os tempos das categorias de base.

O astro gremista tem só 23 anos e possui uma longa carreira pela frente. Mas, para as padrões atuais de importação de brasileiros dos grandes clubes da Europa, já é considerado velho demais.

É só olhar para algumas das principais vendas do futebol pentacampeão mundial nesta temporada: Rodrygo (Real Madrid), Gabriel Martinelli (Arsenal), Luan Cândido (RB Leipzig) e Gabriel Brazão (Inter de Milão) têm 18 anos. Renan Lodi (Atlético de Madri) e Jean Lucas (Lyon) têm 21.

A ideia é levar os garotos à Europa o quanto antes para que eles cheguem lá sem tantos vícios da nossa terra (como a fama de cai-cai que persegue os brasileiros) e também com tempo suficiente para serem melhor lapidados e inseridos dentro da dinâmica de jogo desejada.

Além disso, falta a Everton uma característica que muito agrada aos clubes de primeira linha do Velho Continente: uma história consistente de sucesso construída desde os tempos da base.

Formado pelo Fortaleza, o Cebolinha não é daqueles jogadores que acumularam convocações mais convocações nas seleções sub-17 e sub-20. Consequentemente, não vem sendo acompanhado desde a adolescência pelos olheiros e representantes das grandes equipes do planeta.

E isso pesa. Na concepção dos gigantes europeus, vale mais a pena arriscar na contratação de um jogador que sempre foi visto como um grande talento, mas que vive uma fase ruim, do que depositar as fichas em alguém que está brilhando no momento, mas que não possui um histórico de alto nível.

Foi por essa razão que o Real Madrid contratou Casemiro, lá em 2013, época em que o meio-campista era detonado no São Paulo. E também foi esse o motivo de Luan, hoje em baixa no Grêmio, nunca ter conseguido emplacar uma transferência para a Europa mesmo nos seus melhores dias.

Everton até teve sondagens dos grandes centros. Arsenal e Napoli chegaram a cogitar ofertas pelo jogador, mas acabaram preferindo outras opções já inseridas no mercado europeu.

A janela de transferências para a temporada 2019/2020 já está fechada na Inglaterra. Em Espanha, Itália, Alemanha e França, os outros países do primeiro escalão do Velho Continente, a data-limite para contratações é 2 de setembro.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.