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Rafael Reis

Terra do atletismo, Quênia invade futebol com dupla na final da Champions

Rafael Reis

17/05/2019 04h00

Quênia é sinônimo de atletismo. O país de quase 50 milhões de habitantes tem o atletismo como esporte nacional e domina há anos as principais corrida de longa distância e maratonas do mundo.

Mas, no dia 1º de junho, os olhos dessa terra pródiga em produzir os melhores fundistas do planeta estarão voltados para uma outra modalidade.

Crédito: Montagem

O Quênia, que jamais disputou uma Copa do Mundo, nunca foi além da fase de grupos da Copa Africana de Nações e não está nem entre as 100 melhores seleções do ranking da Fifa, emplacou dois dos seus filhos na decisão da Liga dos Campeões da Europa.

Um deles é justamente o capitão da equipe nacional. O volante Victor Wanyama, de 27 anos, recuperou nas últimas semanas a titularidade do Tottenham e é o principal responsável pela marcação no meio-campo da equipe londrina.

O jogador é natural de Nairóbi, a capital queniana, e atuou no país até os 16 anos. Em 2007, foi descoberto pelo Helsingborg, da Suécia, onde teve início sua trajetória na Europa.

Irmão de McDonald Mariga, meia que jogou na Inter de Milão no começo da década, Wanyama também atuou na Bélgica (Beerschot), na Escócia (Celtic) e no Southampton antes de ser contratado pelo Tottenham, em 2016, a pedido do técnico Mauricio Pochettino.

Primeiro queniano a jogar no Campeonato inglês, a mais rica liga nacional do planeta, o volante sofreu com problemas físicos na atual temporada. Entre novembro e janeiro, ficou fora devido a uma lesão no joelho. Mas voltou, cresceu de produção e tem tudo para ser titular na final contra o Liverpool.

Na decisão da Champions, Wanyama vai encontrar um jogador que poderia ser seu companheiro de seleção. Mas que preferiu defender outro país e até já disputou Copa do Mundo.

O atacante Divock Origi, autor de dois gols na semifinal contra o Barcelona e herói da classificação do Liverpool para a final europeia, nasceu na Bélgica, mas tem sangue queniano correndo nas veias.

O centroavante de 24 anos é filho do maior ídolo da história do futebol da terra dos corredores: Mike Origi, um ex-atacante que conseguiu uma transferência para a Europa ainda no começo da década de 1990 e ostenta o recorde de jogos pela seleção queniana (120).

O camisa 27 do Liverpool nasceu enquanto o pai defendia o Oostende, da Bélgica, e nunca morou na África. Ele defende a seleção belga desde a categoria sub-15 e participou do Mundial-2014.

Origi é jogador dos Reds desde 2015, mas nunca foi titular absoluto e até teve um empréstimo ao Wolfsburg na temporada passada para ganhar mais experiência. No dia de sua atuação de gala contra o Barcelona, só jogou porque Roberto Firmino e Mohamed Salah estavam machucados.

A dupla que colocou o Quênia na final da Champions recebeu até uma homenagem do vice-presidente do país, William Ruto, que postou em sua conta no Twitter um agradecimento aos jogadores logo depois da definição da final.

A decisão entre Tottenham e Liverpool será disputada no estádio Wanda Metropolitano, casa do Atlético de Madri, na capital espanhola.

Pelo menos no primeiro dia do próximo mês, o Quênia deixará de ser o país dos fundistas e maratonistas para se tornar mais uma das inúmeras terras do futebol.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.