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Rafael Reis

Nada de Brasil ou Argentina, quem domina a Libertadores-2019 é o Paraguai

Rafael Reis

23/04/2019 04h00

Dez vitórias, dois empates e nenhuma derrota em 12 partidas. Vinte e quatro gols marcados e somente sete sofridos. Todos os seus clubes ocupando a primeira colocação dos seus respectivos grupos. E um aproveitamento de 88,9% dos pontos possíveis.

Essa é a campanha do país de melhor desempenho da fase de grupos da Libertadores-2019 depois do encerramento de quatro das seis rodadas que definirão os 16 clubes classificados para os mata-matas finais.

Crédito: Divulgação

Se você pensou que esse é o aproveitamento de Argentina ou Brasil, países que costumam dominar o principal torneio interclubes da América do Sul, seu tiro passou muito longe de acertar o alvo.

Na atual temporada, quem manda na Libertadores é o Paraguai. Dois dos seus três representantes na fase de grupos, Libertad e Cerro Porteño, dividem com o Cruzeiro o posto de melhor campanha da competição (quatro vitórias nos primeiros quatro jogos) e já estão antecipadamente classificados para as oitavas de final.

O Olimpia também está invicto e lidera sua chave, que conta ainda com Universidad Concepcíon (CHI), Sporting Cristal (PER) e Godoy Cruz (ARG). Mas, ao contrário dos seus compatriotas, que só venceram, o time de Assunção empatou duas vezes.

O sucesso paraguaio na Libertadores também pode ser medido pelos resultados dos confrontos diretos contra os brasileiros. Os representantes do futebol pentacampeão mundial já mediram forças contra os guaranis três vezes nesta temporada e perderam todas.

O Atlético-MG foi derrotado duas vezes pelo Cerro Porteño: 1 a 0, no Mineirão, e 4 a 1, lá no Paraguai. Já o Grêmio levou 1 a 0 do Libertad, em Porto Alegre, e volta a enfrentar a melhor equipe do Grupo H nesta terça-feira, fora de casa.

O protagonismo exercido pela terra dos ex-jogadores José Luis Chilavert, Francisco Arce e Carlos Gamarra na competição sul-americana neste ano chama a atenção porque o país não costuma ir tão bem assim na Libertadores.

Neste século, clubes paraguaios só chegaram três vezes à decisão. Em duas delas, foram derrotados (Olimpia, em 2013, e Nacional, no ano seguinte). A última conquista veio em 2002, quando o Olimpia bateu o São Caetano.

O clube, aliás, é o único do país que já se sagrou campeão continental –soma três títulos, já que também ficou com a taça em 1979 e 1990.

O momento especial dos paraguaios na Libertadores passa pela valorização da experiência. Os três representantes do país na fase de grupos contam elencos recheados de trintões e são liderados por atacantes veteranos que fizeram sucesso no futebol europeu.

O Olimpia conta com Roque Santa Cruz, 37, pentacampeão alemão pelo Bayern de Munique e vencedor da Champions League de 2001, também pelo clube bávaro.

O Libertad tem Óscar Cardozo, que marcou mais de 100 gols pelo Benfica e foi duas vezes artilheiro do Campeonato Português.

Já o Cerro Porteño tem como capitão Nelson Haedo-Valdez, cuja trajetória europeia inclui um título da Bundesliga com o Werder Bremen e passagens por Valencia e Borussia Dortmund.

APROVEITAMENTO POR PAÍS – LIBERTADORES-2019*

Paraguai – 88,9% dos pontos possíveis
Uruguai – 75%
Brasil – 66,7%
Chile – 46,9%
Argentina – 38,9%
Equador – 29,2%
Peru – 25%
Venezuela – 20,8%
Colômbia – 16,7%
Bolívia – 12,5%

*somente fase de grupos


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.