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Rafael Reis

Banco de reservas vira rotina para homens de Tite em temporada pós-Copa

Rafael Reis

15/02/2019 04h00

Oito meses atrás, eles eram aclamados pelos torcedores brasileiros, protagonizavam comerciais na televisão e carregavam a esperança da conquista do hexacampeão mundial. Hoje, sem a taça na mão, acompanham frustrados do banco de reservas às apresentações dos clubes que defendem.

A temporada 2018/19 do futebol europeu tem se mostrado decepcionante para uma parte considerável dos jogadores que Tite escolheu para defender o país na última edição da Copa do Mundo.

Crédito: Albert Gea/Reuters

Dos 23 atletas convocados para a Rússia-2018, pelo menos sete tiveram quedas consideráveis na quantidade de partidas em que foram escalados como titular dos seus times ao longo dos últimos meses.

O caso mais surpreendente é o de Marcelo. Quatro vezes vencedor da Liga dos Campeões da Europa e praticamente uma unanimidade no posto de melhor lateral esquerdo do planeta até pouco tempo atrás, o brasileiro foi parar no banco de reservas do Real Madrid depois da promoção do técnico Santiago Solari.

O treinador argentino tem preferido escalar o jovem Sergio Reguilón, 22, formado no próprio clube, a usar o camisa 12 nas partidas mais importantes. Os motivos vão da falta de capacidade de marcação do brasileiro até o namoro do jogador com a Juventus.

Resultado: Marcelo, que foi titular em 66,1% dos jogos do Real em 2017/18, só foi escalado em 55% das partidas nesta temporada. E esse número tende a cair. Nas últimas cinco rodadas do Campeonato Espanhol, o lateral começou no banco. Na vitória por 2 a 1 sobre o Ajax, na quarta-feira, pela Champions, nem saiu de lá.

Quem sofreu uma queda ainda maior que o lateral no seu nível de presença em campo é o zagueiro Miranda. Na última temporada, ele era titular indiscutível da Inter de Milão (77,5% dos jogos). Agora, só é escalado em pouco mais de um terço das partidas (35,5%).

Aos 34 anos, o ex-jogador do São Paulo perdeu espaço no clube italiano depois da contratação do holandês Stefan de Vrij, que defendia a Lazio.

Outro que se deu mal com as movimentações de mercado feitas por seu clube é Douglas Costa. Mas, no caso do camisa 11 da Juventus, a perda de espaço ante a nova concorrência é bastante compreensível.

Depois da chegada de Cristiano Ronaldo a Turim e da subida de nível do ataque bianconero, o brasileiro só iniciou 28,1% dos jogos do seu clube. Na temporada anterior, ele havia sido titular em mais da metade dos compromissos (55,5%).

Já o caso do meia Fred é diferente. Antes da Copa, ele havia sido escalado para 80% das partidas do Shakhtar Donetsk. Mas, durante o período do Mundial, ele subiu um degrau em sua carreira e assinou com o poderoso Manchester United. O preço a pagar pela mudança de ares foi o banco – foi titular em 30,5% das apresentações da equipe vermelha.

Mesmo aqueles integrantes da seleção que já estavam no banco na temporada passada acabaram perdendo ainda mais espaço depois da Rússia-2018. Esse é o caso de Danilo e Gabriel Jesus, ambos do Manchester City.

O lateral deixou de ser um curinga de Pep Guardiola e agora raramente é escalado mesmo quando o treinador não tem outro jogador da sua posição à disposição (27,5% de titularidade). Já o atacante sofreu com um jejum de gols na primeira metade da temporada e pouco pode fazer ante a boa fase do seu titular, Sergio Agüero. Por isso, só começou jogando em 37,5% das partidas da temporada, a maior parte delas em competições menos relevantes, como as copas nacionais.

JOGOS COMO TITULARES

MARCELO – Real Madrid (ESP)
2017/18 – 66,1%
2018/19 – 55%

FILIPE LUÍS – Atlético de Madri (ESP)
2017/18 – 50,9%
2018/19 – 45,4%

GABRIEL JESUS – Manchester City (ING)
2017/18 – 49,1%
2018/19 – 37,5%

MIRANDA – Inter de Milão (ITA)
2017/18 – 77,5%
2018/19 – 35,5%

FRED – Shakhtar Donetsk (UCR)/Manchester United (ING)
2017/18 – 80%
2018/19 – 30,5%

DOUGLAS COSTA – Juventus (ITA)
2017/18 – 55,5%
2018/19 – 28,1%

DANILO – Manchester City (ING)
2017/18 – 47,4%
2018/19 – 27,5%


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.