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Rafael Reis

Após 7 a 1, Felipão apaga passado e vira "rei dos pontos corridos"

Rafael Reis

27/11/2018 04h00

Luiz Felipe Scolari fez sua carreira em torneios de mata-mata. Quatro títulos da Copa do Brasil (1991, 1994, 1998 e 2012), duas Libertadores (1995 e 1999) e a Copa do Mundo-2002 o transformaram em um dos técnicos mais vitoriosos da história do futebol brasileiro.

Mas, desde o maior trauma de sua trajetória nos bancos de reservas, a goleada por 7 a 1 sofrida pela seleção ante a Alemanha, na semifinal do Mundial-2014, um jogo eliminatório, Felipão não é mais o mesmo.

O "rei dos mata-matas" encontrou nas competições disputadas no formato de pontos corridos o caminho para reconstruir sua história e voltar a vencer.

O Brasileiro conquistado pelo Palmeiras no último domingo, com uma rodada de antecipação, graças à vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, foi o quarto troféu de campeonato jogado em turno e returno levantado por Felipão desde o fiasco histórico.

Antes de vencer a principal competição nacional com o clube paulista, o agora septuagenário treinador havia emendado três títulos chineses com o Guangzhou Evegrande, clube que comandou de 2015 ao ano passado.

O único torneio de pontos corridos que Felipão não venceu depois do 7 a 1 foi o Brasileiro-2014. Naquela ocasião, seu Grêmio terminou na sétima posição.

Além dos elencos recheados e economicamente poderosos que tinha em mãos na China e agora possui no Brasil, o técnico construiu uma trajetória de hegemonia nas ligas nacionais nos últimos anos por causa da regularidade de suas equipes.

Felipão não perde uma partida válida por uma competição disputada em pontos corridos há mais de um ano. A última derrota foi na última rodada do Campeonato Chinês-2017, para o Tianjin Quanjian, quando o Evergrande já havia faturado o título.

No Palmeiras, a série sem perder no Brasileiro já dura 21 jogos. Com Felipão, foram 15 vitórias e seis empates na primeira divisão. Foi devido à arrancada que o time disparou rumo ao décimo título nacional de sua história.

No mesmo período em que virou praticamente imbatível nos pontos corridos, Felipão até ganhou alguns títulos importantes em mata-matas, como a Liga dos Campeões da Ásia de 2015 e a Copa da China de 2016, mas não conseguiu construir uma hegemonia semelhante à obtida nos campeonatos nacionais.

Nesta terceira passagem pelo Palmeiras, o treinador foi semifinalista da Copa do Brasil (perdeu para o Cruzeiro) e também da Libertadores (acabou derrotado pelo Boca Juniors). Ou seja, seu único título foi mesmo em turno e returno.

Curiosamente, Felipão passou a maior parte das últimas décadas ouvindo de jornalistas e torcedores que seu estilo motivador fazia muito mais sucesso em mata-matas do que em pontos corridos. Agora, na reta final de sua carreira, parece que o jogo virou.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.