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Rafael Reis

No banco: 30% da seleção brasileira é reserva no futebol de clubes

Rafael Reis

10/10/2018 04h00

Contratado pelo Barcelona na última janela de transferências, Malcom só participou de duas partidas e ficou em campo durante 25 minutos nesta temporada. Mesmo assim, faz parte do elenco da seleção brasileira para os amistosos contra Arábia Saudita, nesta sexta-feira, e Argentina, na próxima terça.

O atacante revelado pelo Corinthians e que atuava na França até junho passado é o exemplo mais evidente de uma característica preocupante da mais recente convocação elaborada por Tite.

Nada menos do que 30% dos jogadores chamados pelo treinador para a Data Fifa de outubro passam mais tempo sentados no banco de reservas assistindo às partidas dos seus times do que correndo pelo gramado.

Além de Malcom, outros seis atletas da seleção ficaram mais jogos dos seus respectivos clubes na atual temporada como opções de banco – ou até mesmo fora dos relacionados por decisão da comissão técnica – do que foram escalados como titulares.

A lista dos reservas selecionáveis conta ainda com o goleiro Phelipe (Grêmio), com o lateral direito Danilo (Manchester City), com os meias Fabinho (Liverpool), Fred (Manchester United) e Arthur (Barcelona) e com o atacante Gabriel Jesus (também do City).

O zagueiro Miranda, titular absoluto de Tite na última Copa do Mundo e capitão da equipe nas partidas contra Sérvia e Bélgica, por pouco não engrossa o grupo.

O veterano defensor começou jogando em apenas cinco das dez partidas oficiais disputadas pela Inter de Milão em 2018/19. Dos outros cinco compromissos, em quatro ficou no banco e em um estava em recuperação de um problema físico.

O número excessivo de reservas no elenco da seleção está ligado à decisão de Tite de rejuvenescer a equipe para o ciclo da Copa do Qatar-2022 e encher o grupo de jogadores mais jovens, que acabaram de desembarcar no primeiro escalão do futebol europeu.

Arthur, Malcom, Fabinho e Fred estão em sua primeira temporada por um clube de ponta do Velho Continente. Já o goleiro Phelipe ainda nem estreou como profissional. Aos 19 anos, foi convocado para atender uma espécie de "cota" criada pelo treinador para dar experiência a apostas da base.

Dos reservas com maior rodagem na elite europeia, Danilo praticamente não tem tido chances no City e só participou de um jogo da Copa da Liga Inglesa. Já Gabriel Jesus é suplente de um ídolo do clube, o argentino Sergio Agüero, mas entra em quase todas as partidas (só ficou realmente de fora em duas das 12 apresentações da temporada).

Após as partidas contra Argentina e Arábia Saudita, a seleção ainda terá mais uma rodada dupla antes do encerramento do ano. Em novembro, enfrenta Uruguai e um rival ainda indefinido. Resta saber se a equipe estará mais uma vez cheia de reservas.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.