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Rafael Reis

Salah pediu veto a autógrafos para jogar pelo Egito: verdade ou lenda?

Rafael Reis

13/09/2018 04h00

Único jogador africano finalista do prêmio de melhor do mundo nos últimos 13 anos, o atacante Mohamed Salah, do Liverpool, impôs uma série de exigências para continuar defendendo a seleção do Egito.

O astro de 26 anos, que disputa o troféu deste ano com Cristiano Ronaldo e Luka Modric, enviou um comunicado no mês passado à federação nacional com sete itens que precisam ser cumpridos para que ele não se aposente precocemente da equipe.

Entre as exigências feitas por Salah estão o bloqueio de todas as ligações para o seu quarto na concentração, a presença de dois seguranças ao seu lado sempre que estiver a serviço da seleção e sua indisponibilidade para participar de qualquer evento promocional de patrocinadores da federação –as marcas também não podem usar sua imagem.

Além disso, o atacante não quer ser importunado durante as madrugadas na concentração, dar autógrafos ou tirar selfies com funcionários da entidade. Por fim, o jogador precisa ser buscado no aeroporto e transportado para o hotel de maneira discreta sempre que for convocado para atuar por seu país.

Mas será que essa lista de exigências, que tem rodado as redes sociais nas últimas semanas, é real? Ou se trata de apenas mais uma das várias lendas urbanas do universo do futebol que habitam a internet, como o autismo de Lionel Messi e a transexualidade de Marco Verratti?

Bem, a história foi originalmente publicada pelo site egípcio "FilGoal". Logo depois, o empresário do jogador, Ramy Abbas Issa, admitiu o ultimato de Salah à federação, mas negou que o conteúdo das exigências seja exatamente aquele que foi divulgado.

"A única forma de tornar nosso pedidos irracionais é distorcendo. Nunca pedimos, por exemplo, para que Salah fosse transportado separadamente do resto do time. Quando falamos de discrição no aeroporto, estávamos nos referindo apenas à chegada no Egito", escreveu o agente em suas redes sociais.

O conflito entre a federação egípica e o principal jogador do país começou no primeiro semestre.

O atacante do Liverpool não gostou de ver sua imagem estampada no avião da seleção em uma propaganda de um dos patrocinadores da entidade (uma empresa de telefonia que é concorrente de um dos seus apoiadores individuais) e ameaçou não disputar a Copa do Mundo.

Um acordo foi costurado e Salah disputou normalmente a Rússia-2018, o primeiro Mundial de sua carreira. No entanto, as desavenças entre o jogador e a entidade continuaram depois da competição.

Após a divulgação da lista de exigências, o atacante foi convocado para o primeiro jogo do Egito pós-Copa. O camisa 10 da seleção fez dois gols e deu duas assistências no 6 a 0 sobre Niger, no sábado, pela primeira rodada das eliminatórias da Copa Africana de Nações.

O atacante sonha igualar o feito do liberiano George Weah (1995) e ser o segundo africano eleito o melhor jogador do mundo. O continente não era representado entre os finalistas do prêmio desde a terceira colocação do camaronês Samuel Eto'o em 2005.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.