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Rafael Reis

Impulsionado por Copa em casa, "Mundo Árabe" gasta R$ 800 mi em reforços

Rafael Reis

11/09/2018 04h20

Os espanhóis Xavi e Gabi, o camaronês Samuel Eto'o e os holandeses Wesley Sneijder e Nigel de Jong jogam no Qatar. O nigeriano Ahmed Musa e os brasileiros Petros e Giuliano atuam na Arábia Saudita. Já o futebol dos Emirados Árabes conta com o meia Yohan Cabaye, ex-seleção francesa, e com o atacante Marcus Berg, titular da Suécia na Rússia-2018.

A quatro anos da primeira Copa que será realizada na região, o "Mundo Árabe" decidiu investir como nunca para se tornar um dos mais relevantes mercados da bola no planeta.

Giuliano

As cinco principais ligas nacionais da região (Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Marrocos) gastaram quase 190 milhões de euros (mais de R$ 820 milhões) em contratações na última janela de transferências. O investimento supera o de China, Estados Unidos e outros emergentes da bola. Só mesmo Inglaterra, Itália, Espanha, França e Alemanha torraram mais dinheiro em novos jogadores ao longo dos últimos meses.

Em relação à temporada passada, o crescimento no investimento é de 332%. Em 2017/18, o gasto dos clubes árabes com reforços não chegou nem a 44 milhões de euros (R$ 190 milhões). O principal motivo dessa arrancada mercadológica é a Copa do Mundo prevista para ser disputada no Qatar, em 2022. Um Mundial "em casa" aumenta o interesse local pelo futebol e atrai mais investimentos para a modalidade.

Fenômeno semelhante aconteceu no Brasil (2014) e na Rússia (2018), que gastaram acima do normal em reforços antes de mergulharem em crises econômicas que minaram o potencial de investimento. No caso específico do "Mundo Árabe", há pelo menos mais três motivos que ajudam a explicar esse crescimento exacerbado de investimentos.

O primeiro é o preço do petróleo, principal fonte de renda do Oriente Médio. Desde 2016, o valor do barril do combustível no mercado internacional mais do que dobrou: saltou da casa de US$ 30 (R$ 130) para os atuais R$ 77 (R$ 333,5). Além disso, a perda de espaço do Estado Islâmico e de outros grupos armados semelhantes diminuiu a ameaça terrorista na região. Com isso, os governos e também os donos da grana puderem se concentrar em outros temas, como o futebol.

O terceiro motivo é um homem. O xeque Turki Al-Sheikh é ministro dos Esportes da Arábia Saudita, presidente do Comitê Olímpico do país e principal nome do projeto que visa transformar o futebol da região. Só neste ano, o dirigente articulou a ida do técnico Fabio Carille, campeão brasileiro com o Corinthians em 2017, para o Al-Wehda, fez uma parceria de intercâmbio entre a Arábia Saudita e a Espanha e comprou um time no Egito (Pyramids FC) com a intensão de fazer dele um dos mais poderosos da África.

Os árabes são tradicionalmente uma das maiores forças do futebol na Ásia e faturaram sete títulos da Liga dos Campeões versão asiática. Mas a última conquista já tem sete anos. Desde que o Al-Sadd, do Qatar, faturou a taça, em 2011, sul-coreanos, chineses, australianos e japoneses têm se revezado no lugar mais alto do pódio do torneio.

ARÁBIA SAUDITA
Investimento (2018/19): 120,7 milhões de euros
Principais reforços (2018/19): Ahmed Musa (Al-Nassr), Giuliano (Al-Nassr), Romarinho (Al-Ittihad), Petros (Al-Nassr) e Bafétimbi Gomis (Al-Hilal)

EGITO
Investimento: 40 milhões de euros
Principais reforços: Keno (Pyramids), Rodriguinho (Pyramids) e Ahmed El Shenawy (Pyramids)

EMIRADOS ÁRABES
Investimento: 12,6 milhões de euros
Principais reforços: Igor Coronado (Al-Sharjah) e Ryan Mendes (Al-Sharjah)

QATAR
Investimento: 6,4 milhões de euros
Principais reforços: Nigel de Jong (Al-Ahli), Samuel Eto'o (Qatar SC) e Edmilson Junior (Al-Duhail)

MARROCOS
Investimento: 4,2 milhões de euros
Principais reforços: Badie Aouk (Wydad) e Ibrahim El Baz (Wydad)


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.