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Rafael Reis

Reservas perdem importância e só fazem 9% dos gols da Copa

Rafael Reis

28/06/2018 04h20

Fazer uma substituição que altere completamente os rumos da partida e ver o jogador que saiu do banco marcar aquele gol decisivo, que define a vitória do seu time. O tradicional momento de consagração de um técnico virou apenas uma ilusão na Copa do Mundo-2018.

Na competição disputada na Rússia, os reservas não têm sido mais do que meros coadjuvantes.

Dos 116 gols marcados nas 44 primeiras partidas do torneio, apenas 11 foram anotados por jogadores que iniciaram a partida como suplentes. Ou seja, os gols feitos por reservas não representam nem 10% do total.

Situação bem diferente da do Mundial passado. Em 2014, quase 19% de todas as bolas que balançaram as redes saíram dos pés e das cabeças de atletas que haviam iniciado as partidas no banco.

Na ocasião, foram 32 gols marcados por reservas, inclusive o que deu o título mundial para a Alemanha –Mario Götze substituiu Miroslav Klove aos 43 min do segundo tempo da decisão contra a Argentina e fez na prorrogação o gol da vitória germânica por 1 a 0.

Suplentes com esse nível de protagonismo viraram peça rara na Rússia. As exceções podem ser contadas usando apenas os dedos das mãos.

No jogo de abertura do Mundial, o meia Denis Cheryshev se aproveitou da lesão sofrida ainda na primeira etapa por Alan Dzagoev para deixar o banco, marcar duas vezes e ser o principal destaque da goleada por 5 a 0 aplicada pelos anfitriões sobre a Arábia Saudita.

Na segunda rodada, o meia japonês Keisuke Honda, também reserva, roubou a cena ao fazer o gol que definiu o empate por 2 a 2 contra o Senegal e deixou a seleção asiática perto da classificação para a fase final.

Já na última segunda-feira, a Espanha assegurou o primeiro lugar do Grupo B e escapou do confronto com o Uruguai nas oitavas de final graças a um gol nos acréscimos marcado por Iago Aspas, que havia substituído Diego Costa minutos antes.

Mas cenas como as descritas acimas são raras em um Mundial cujas substituições têm tido pouco impacto no resultado das partidas.

Em geral, os reservas têm sido utilizado pelos treinadores já na reta final das partidas e, principalmente, para executar a mesma função tática dos jogadores que estão substituindo. Na prática, são uma tentativa de manter a intensidade do jogo, não de alterá-lo.

É claro que aconteceram exceções. No entanto, os números provam que começar uma partida da Copa-2018 no banco de reservas é um convite para acabar bem distante dos gols e, claro, dos holofotes.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.