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Rafael Reis

Ano sabático ou seleção francesa: qual será o futuro de Zidane?

Rafael Reis

01/06/2018 04h00

A decisão de Zinédine Zidane de deixar o Real Madrid depois de dois anos e meio de trabalho e três títulos da Liga dos Campeões da Europa caiu como uma bomba atômica no Mercado da Bola.

De uma hora para a outra, o clube e o treinador mais vitoriosos da década no futebol mundial ficaram o futuro em aberto.

A imprensa espanhola não perdeu tempo e já tratou de elencar os nomes dos possíveis substitutos do craque francês na capital espanhola: Mauricio Pochettino, Jurgen Klopp, Joachim Löw, Arsène Wenger e Guti.

Mas, e Zidane? Qual será o seu futuro como treinador?

As opções profissionais imediatas para Zizou são bastante limitadas. Dentre os principais clubes do planeta, aqueles que têm grana e prestígio suficiente para contratar um nome do seu porte, apenas o Chelsea ainda não definiu o técnico para a próxima temporada –o italiano Maurizio Sarri, ex-Napoli, lidera as apostas.

Bayern de Munique, Arsenal, Paris Saint-Germain e Napoli também terão novos treinadores depois da Copa do Mundo-2018, mas escolheram os ocupantes do cargo antes do bombástico anúncio de quinta-feira.

Até por isso, Zidane fez questão de dizer em sua entrevista coletiva de adeus que não vai "treinar nenhuma outra equipe" na próxima temporada.

Ou seja, o ex-meia irá tirar um ano sabático, como fez Pep Guardiola ao deixar o Barcelona e antes de assinar como o Bayern, ou antecipar o caminho que parece inevitável em sua carreira: dirigir a seleção francesa.

Pouco depois do agora antigo técnico do Real anunciar sua decisão, o L'Équipe, principal jornal esportivo da França, já levantou a possibilidade de o ex-camisa 10 substituir Didier Deschamps na seleção após o Mundial.

O próprio Deschamps, que tem contrato até a Eurocopa-2020, mas enfrenta críticas da imprensa local por seu trabalho, precisou responder sobre o tema durante a preparação francesa para a Rússia-2018.

"Eu não sei o que ele decidiu. No momento, acho que ele quer desfrutar do descanso, da família e da companhia das pessoas queridas. Ele será treinador [da França] em algum momento. Quando? Não posso dizer. Mas parece lógico para mim. Acontecerá quando tiver que acontecer", afirmou.

Em fevereiro, durante uma entrevista à rede de TV portuguesa RTP, Zidane já havia admitido que virar comandante de uma seleção seria "a continuidade" do trabalho que vinha fazendo em Madri.

Caso Zizou seja o próximo técnico da seleção francesa, ele quebrará alguns paradigmas.

Ao contrário do que acontece no Brasil, onde ser comandante da seleção é visto como o auge da carreira de um treinador, a Europa não costuma ter técnicos de primeiro escalão à frente dos seus times nacionais.

Sem condições financeiras para competir com os salários pagos por clubes como Barcelona, Manchester City e Real, as seleções europeias costumam ser dirigidas por treinadores já veteranos (como Fernando Santos, de Portugal) ou novatos que ainda não se firmaram na carreira (caso de Julen Lopetegui, da Espanha).

Mas se juntar ao grupo de técnicos de seleção pode ser o futuro de Zidane. Isso ou tirar um ano de descanso.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.