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Rafael Reis

Técnico "tampão" deixou aposentadoria para montar melhor Bayern em 70 anos

Rafael Reis

25/04/2018 04h00

Jupp Heynckes estava em casa, curtindo os prazeres da aposentadoria, quando recebeu um convite nada singelo: "Por favor, salve o Bayern de Munique".

A aposta no treinador de 72 anos, que havia decidido largar a carreira no futebol profissional em 2013, para substituir Carlo Ancelotti não poderia ser mais natural: em três passagens anteriores pelo clube, ele conquistara três títulos alemães e uma Liga dos Campeões da Europa.

O problema é que o terreno que esperava Heynckes não era nada fértil. Um elenco rachado entre jogadores veteranos e os recém-chegados a Munique, críticas públicas de atleta à política modesta de contratações da direita, a terceira colocação na Bundesliga e um início pouco promissor na Champions.

Mas o toque mágico do septuagenário treinador teve efeito imediato.

Cinco meses depois de depositar todas as suas fichas em um técnico aposentado, o time enfrenta nesta quarta-feira o Real Madrid, às 15h45 (de Brasília), no jogo de ida da semifinal da Champions, vai decidir a Copa da Alemanha e foi campeão nacional com cinco rodadas de antecipação.

Achou pouco? O Bayern de Heynckes, versão 2017/18, ostenta o melhor desempenho do clube desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 35 partidas sob o comando do treinador, Lewandowski, Robben, Ribéry e cia. acumulam 31 vitórias, dois empates e duas derrotas.

Para encontrar um aproveitamento que supere os 90,5% desta temporada é preciso retornar para 1944/45, quando a equipe bávara conquistou 95% dos pontos que disputou (com a pontuação atualizada para os critérios atuais).

O sucesso de Heynckes em domar as inimizades do elenco e conduzir o Bayern novamente a seus melhores momentos foi tão grande que a diretoria alemã passou os últimos meses tentando convencê-lo a deixar de ser apenas um "tampão", retomar a carreira e prosseguir no clube na próxima temporada.

O próprio treinador chegou a admitir a possibilidade de permanecer à beira dos gramados por mais um tempo antes de voltar para a vida de aposentado. No entanto, optou mesmo pelo adeus.

Foi só depois de ouvir que o veterano não desejava estender sua permanência no Bayern que o clube foi atrás de outras possibilidades. Há duas semanas, foi o feito o anúncio. O meia croata Niko Kovac, atualmente no Eintracht Frankfurt, assumirá o cargo na próxima temporada.

Restam então a Heynckes no máximo mais nove jogos para ampliar a sua rica história em Munique antes do retorno à aposentadoria. Quem sabe ele não repita o que fez cinco anos atrás e se despeça do futebol com mais uma conquista de Champions na conta…


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.