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Rafael Reis

Brasil é o país que mais vende para o exterior, mas só o 7º que mais fatura

Rafael Reis

31/01/2018 04h00

Em 2017, nenhum futebol do planeta vendeu tantos jogadores para o exterior quanto o brasileiro. E nenhum outro país se reforçou tanto com atletas que estavam no estrangeiro quanto o único pentacampeão mundial.

É isso que aponta o "Global Transfer Market Report" ("Relatório do Mercado Global de Transferências", em tradução livre para o português), disponibilizado pela Fifa na última terça-feira.

De acordo com o documento, produzido a partir dos dados de todas as transferências internacionais seladas no ano passado, o Brasil foi o protagonista do Mercado da Bola em 2017.

Entre janeiro e dezembro, os clubes brasileiros (dos mais diferentes escalões do futebol nacional) negociaram um total de 821 atletas para times do exterior. Esse número é 1,7% maior que em 2016, quando a terra de Neymar e cia também liderou o ranking.

A maior venda de 2017 foi feita pelo Palmeiras. A transferência de Gabriel Jesus para o Manchester City, registrada no primeiro dia do ano passado, movimentou 32,7 milhões de euros (R$ 128 milhões).

O mercado mais comum dos jogadores vendidos por equipes brasileiras não é surpresa para ninguém. No ano passado, o Brasil fez 169 transferências de jogadores para Portugal, sua antiga metrópole.

Esse montante equivale a quase 30% de todos os atletas que os clubes lusitanos buscaram no exterior ao longo do último ano.

Além das vendas internacionais, o Brasil também aparece no topo da lista dos países que mais compraram atletas fora de suas fronteiras em 2017.

Segundo o relatório da Fifa, foram 748 negócios desse tipo, um aumento de 10,2% na comparação com o ano anterior.

No entanto, ao contrário de Inglaterra (732 compras internacionais), Espanha (471), Alemanha (401), Itália (352) e França (336), a maior parte das contratações feitas no exterior por clubes brasileiros não é de estrangeiros que se destacaram em alguma liga menor, mas sim repatriamento de jogadores locais que estavam expatriados.

Essa é só uma das características que diferem o Brasil dos mercados mais ricos do futebol mundial.

Outra dessas diferenças fica evidente no documento apresentado pela Fifa. Apesar de ser o país que mais negociou atletas com o exterior durante 2017, o Brasil ocupa apenas o sétimo lugar no ranking das nações que mais arrecadaram com transferências internacionais.

As 821 vendas feitas por clubes brasileiros para o mercado externo durante o último ano movimentaram US$ 298,8 milhões (cerca de R$ 946 milhões). As equipes da Itália, por exemplo, faturaram 70% a mais com aproximadamente metade das transferências –foram 415 vendas que geraram US$ 508,3 milhões (R$ 1,6 bilhão).

Cada venda internacional feita por um clube do Brasil em 2017 custou em média US$ 364 mil (pouco mais de R$ 1,1 milhão). Já a média das transferências feitas pelos italianos ficou na casa de US$ 1,2 milhão (R$ 3,8 milhões). A dos espanhóis foi ainda mais alta: quase US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões).

Ou seja, o Brasil pode até ser o país que mais vende jogadores para o exterior. Mas está longe de ser o que vende melhor.

TRANSFERÊNCIAS PARA O EXTERIOR EM 2017

1º – Brasil – 821 (US$ 298,8 milhões)
2º – Inglaterra – 767 (US$ 655,5 milhões)
3º – Espanha – 565 (US$ 840,4 milhões)
4º – Portugal – 537 (US$ 803,3 milhões)
5º – Argentina – 486 (US$ 204 milhões)
6º – Alemanha – 424 (US$ 483,9 milhões)
7º – França – 422 (US$ 643,9 milhões)
8º – Itália – 415 (US$ 508,3 milhões)


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.