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Rafael Reis

Ex-pequeno, rival do Grêmio demorou 81 anos para ser campeão pela 1º vez

Rafael Reis

21/11/2017 04h00

Adversário do Grêmio na decisão da Copa Libertadores da América-2017, a partir desta quarta-feira, o Lanús foi durante 81 anos praticamente um peso morto no futebol argentino.

O clube, que pertence a uma cidade de mesmo nome localizada na Grande Buenos Aires, demorou mais de oito décadas para conquistar pela primeira vez o título de uma competição de primeira divisão.

Fundado em 1915, o Lanús só foi levantar sua primeira taça de uma competição de elite em 1996, quando derrotou o Independiente Santa Fé e faturou a extinta Copa Conmebol. Até então, sua sala de troféus se resumia a quatro prêmios de campeão da segunda e terceira divisão.

Após ganhar o torneio sul-americano no final do século passado, o clube ainda demorou mais 11 anos para se consagrar nacionalmente. Foi só em 2007 que a equipe grená se juntou ao grupo dos clubes campeões argentinos.

A primeira participação na Libertadores chegou no ano seguinte. Em 2008, o time argentino foi até as oitavas de final e acabou eliminado pelo Atlas (MEX).

Ao longo da última década, o Lanús deixou de lado o rótulo de pequeno que sempre o acompanhou se tornou um dos times mais organizados e bem sucedidos da terra de Maradona e Messi.

Nos últimos dez anos, o "Maior Clube de Bairro do Mundo", como costuma se autodenominar, participou de cinco edições da Libertadores, faturou quatro títulos nacionais (Campeonato Argentino de 2007 e 2016, além da Copa do Bicentenário e da Supercopa Argentina do ano passado) e até um troféu internacional.

Em 2013, o Lanús bateu a Ponte Preta por 3 a 1 (placar agregado das duas partidas) na decisão da Copa Sul-Americana. Sim, a Ponte Preta, justamente aquele time com trajetória tão semelhante à sua e que continua em busca do primeiro título de elite em sua história 117 anos.

Na atual Libertadores, a primeira em que chega à final, o time argentino se destacou como nunca. Na fase de grupos, fez a segunda melhor campanha entre os 32 participantes (ficou atrás do Atlético-MG devido ao saldo de gols). Nos mata-matas, despachou The Strongest, San Lorenzo e River Plate.

Contra o River, aliás, aconteceu o momento mais épico de sua campanha. Depois de perder por 1 a 0 no jogo de ida e sofrer dois gols nos primeiros 22 minutos da partida de volta, veio um milagre. O Lanús conseguiu a virada, derrotou o rival por 4 a 2 e selou sua ida para decisão.

O craque do time é o meia-atacante Lautaro Acosta, ex-Sevilla e Racing Santander, que estreou pelo clube quando a Conmebol-1996 era a única conquista de sua história e esteve em campo nos dois títulos argentinos.

O veterano centroavante José Sand, 37, que teve uma rápida passagem pelo Vitória no começo dos anos 2000, e o meia uruguaio Alejando Silva são outras armas perigosas da equipe dirigida desde o ano passado por Sergio Almirón.

É assim que o clube que até 21 anos atrás era virgem de títulos pretende superar o Grêmio e se tornar o 26º campeão diferente da história da Libertadores.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.