Topo

Rafael Reis

Sensação da Europa, City importou "meio Barcelona" para chegar ao topo

Rafael Reis

05/11/2017 04h00

Quem acompanhou de perto a transformação do Barcelona no clube de futebol mais poderoso e admirado do mundo no final da década passada vai se sentir em casa se visitar o Etihad Campus, o centro de treinamentos do Manchester City.

E os motivos vão muito além da sensação de "déjà vu" provocada pela presença do técnico Pep Guardiola dentro de campo.

Para entrar de vez no grupo dos clubes do primeiro escalão do futebol mundial e tentar transformar em realidade o sonho de conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões da Europa, o City levou para a Inglaterra boa parte da cúpula que colocou o Barça no topo do planeta.

E fez do catalão uma espécie de segundo idioma oficial.

O atual CEO do City veio do Barcelona. O diretor de futebol, também. O mesmo vale para a maior parte da comissão técnica e da equipe que administra o dia a dia do elenco do atual líder do Campeonato Inglês.

O processo de "Barcelonização" do clube azul de Manchester começou bem antes do desembarque de Guardiola na Inglaterra, no ano passado.

Ainda em 2012, ou seja, cinco temporadas atrás, o City contratou dois dos pilares do processo de reconstrução vivido pelo Barça na década passada e que culminou na conquista de três títulos da Champions entre 2006 e 2012: Ferran Soriano e Txiki Begiristain.

Ao primeiro, um economista de sucesso que cuidou das finanças do clube catalão entre 2003 e 2008 e o transformou em uma máquina de ganhar dinheiro foi oferecido o cargo do CEO da equipe inglesa.

Já Begiristain, diretor de futebol do Barça entre 2003 e 2010 e responsável direto pela promoção de Lionel Messi ao time adulto, recebeu o mesmo cargo no City e se tornou o homem das contratações e da gestão de pessoas em Manchester.

Rodolfo Borrell é outro ex-Barcelona que possui cargo de gestão no clube de Gabriel Jesus. Primeiro treinador de Messi em La Massia, o catalão acumula as funções de diretor técnico global do City Football Group (conglomerado que é dono de outros cinco times em três continentes) e de auxiliar de Guardiola.

A comissão técnica de Pep, aliás, é formada majoritariamente por espanhóis e gente que o acompanha desde os tempos que ele comandava o Barça, como o seu braço-direito Manuel Estiarte, o auxiliar Domenec Torrent, o preparador físico Lorenzo Buenaventura e o analista de vídeo Carles Planchart.

Curiosamente, o único setor do City onde os ex-Barcelona não dão as cartas é dentro de campo.

O goleiro chileno Claudio Bravo e o volante marfinense Yaya Touré, os únicos jogadores do elenco inglês com passagem pelo clube catalão, são atualmente reservas na equipe de Guardiola.

Mas isso não significa que o City não pratique um futebol digno dos melhores dias de Barcelona. Muito pelo contrário.

Segundo o "Who Scored?", site especializado em estatísticas, a equipe de Guardiola é que a mais fica com o domínio da bola no futebol europeu na atual temporada: 66,2% de posse. O time também tem o terceiro melhor acerto de passes do continente (89,4%, menos apenas que Napoli e Paris Saint-Germain).

O ataque também não deixa a desejar. Nos primeiros 16 jogos da temporada, o City marcou 47 gols (média de quase 3 por partida) e já aplicou duas goleadas por 5 a 0, uma por 6 a 0 e outra por 7 a 2. Resultado: liderança invicta no Campeonato Inglês e 100% de aproveitamento na Champions.

Tudo isso com um DNA importado do Barcelona.


Mais de Clubes

– 7 estádios históricos do futebol mundial que já não existem mais
– Agressões e bebedeiras: City tem 3 jogadores com passagem pela polícia
– TV brasileira mostra mais PSG que Corinthians e Palmeiras juntos
– De atriz pornô a Homem-Aranha: os 7 patrocínios mais bizarros do futebol

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.