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Rafael Reis

Qual a origem das cicatrizes no pescoço de Tevez?

Rafael Reis

03/11/2017 04h00

Um dos maiores ídolos das torcidas do Corinthians e do Boca Juniors no século 21, o argentino Carlos Tevez não é famoso apenas pelos quase 300 gols que já marcou em 16 anos de carreira como jogador profissional.

O atacante de 33 anos, atualmente no Shanghai Shenhua, da China, é lembrado também pelas cicatrizes que cobrem todo o peito e o lado direito do seu pescoço.

Mas desde quando Tevez possui essas cicatrizes? E qual a origem delas?

A resposta para essas perguntas está na infância do jogador. O hoje astro argentino era apenas um bebê de dez meses quando engatinhou até uma chaleira com água fervente e a derrubou sobre seu corpo.

Na ânsia de socorrê-lo, seus tios o embrulharam em uma manta de náilon. Grave erro: o contato com o tecido sintético só agravou as feridas e fez com que elas ficassem gravadas para sempre na pele do bebê.

"Nunca quis operar [para apagar as cicatrizes]. Quando me olho no espelho, são elas que me lembram de onde venho e quem eu sou. Fiz terapia durante três meses, mas não consigo me recordar dessa experiência. Eu era muito pequeno quando me queimei. Mesmo assim, quando olho para elas, sei que são parte da minha vida", disse Tevez, no ano passado, ao jornal espanhol "Marca".

O acidente com a chaleira foi só uma das inúmeras tragédias que fizeram parte da carreira do atacante.

Tevez foi abandonado por sua mãe biológica quando tinha seis meses. Aos cinco anos, descobriu que seu pai biológico, que jamais conhecera, havia sido assassinado com 23 tiros pela polícia enquanto tentava assaltar uma cafeteria.

Criado pelos tios em Fuerte Apache, um conjunto habitacional de baixa renda na periferia de Buenos Aires, o garoto foi perdendo seus amigos de infância, um a um, para as drogas e o mundo do crime.  Quando já estava na seleção sub-17, seu melhor amigo de infância, Darío Coronel, foi baleado por policiais durante uma tentativa de assalto a um bingo.

Tevez se recuperou de todas essas marcas do passado, fez história no Boca Juniors e no Corinthians, vestiu as camisas de West Ham, Manchester United, Manchester City e Juventus e disputou as Copas do Mundo de 2006 e 2010 pela seleção argentina.

Dono do maior salário do planeta (38 milhões de euros anuais, ou R$ 144,7 milhões) no Shanghai Shenhua, o atacante marcou apenas quatro gols na atual edição do Campeonato Chinês e chegou até a ser afastado da equipe por estar acima do peso.

A situação criou rumores de que Tevez pode deixar a Ásia no final desta temporada para retornar mais uma vez ao Boca Juniors, clube onde iniciou a carreira e que também defendeu em 2015 e 2016.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.