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Rafael Reis

"Mago" do Leicester copia modelo que deu certo e incomoda grandes na França

Rafael Reis

27/10/2017 04h00

Claudio Ranieri, o homem que levou o Leicester à histórica conquista do Campeonato Inglês, duas temporadas atrás, está aprontando de novo.

Em seu primeiro trabalho depois de deixar Mahrez, Vardy, Schmeichel e cia., o treinador italiano transformou o até então decadente Nantes em um incômodo para os grandes clubes da França.

Dono apenas do 11º elenco mais caro da Ligue 1, de acordo com o site "Transfermarkt", especializado no Mercado da Bola, os Canários, como o time é conhecido, ocupam a terceira colocação depois de dez rodadas.

Com 20 pontos conquistados, o Nantes está atrás apenas dos gigantes Paris Saint-Germain e Monaco. Mas, até agora, tem deixado para trás Lyon, Olympique de Marselha, Bordeaux e Saint-Étienne, equipes com maiores orçamento e pretensões.

A equipe dirigida por Ranieri já está invicta há mais de dois meses no Campeonato Francês. Depois de perder para o Olympique de Marselha, ainda na segunda rodada, emendou seis vitórias e dois empates.

Assim como o Leicester de 2015/16, o Nantes possui um elenco modesto para a competição que disputa. Os 32 jogadores que formam seu time profissional estão avaliados em 56,7 milhões de euros (R$ 217 milhões).

Para se ter uma ideia do que isso representa, o elenco do PSG tem valor de mercado estimado de 648,4 milhões de euros (R$ 2,5 bilhões), o do Monaco está avaliado em 267,4 milhões de euros (R$ 1 bilhão) e o do Lyon, em 150 milhões de euros (R$ 573,8 milhões).

Os jogadores mais caros que Ranieri tem à disposição são o volante francês Valentin Rongier (5,5 milhões de euros) e o zagueiro brasileiro Diego Carlos, ex-base do São Paulo (5 milhões de euros).

Outros dois brasileiros fazem parte do elenco: o volante Andrei Girotto, de passagem pelo Palmeiras, e o lateral esquerdo (e agora meia-atacante) Lucas Lima, que defendeu Botafogo e Internacional.

Só que o elenco modesto não é a única semelhança entre o Leicester e a nova empreitada de Ranieri. O Nantes 2017/18 copia uma outra característica da zebra que conquistou a Premier League: o apreço por um futebol eficiente, mas nada encantador.

O terceiro colocado do Francês possui apenas o 14º melhor ataque da competição (nove gols em dez partidas). Em compensação, conta com a segunda defesa menos vazada entre os 20 clubes participantes (sete gols sofridos).

O time é também o 19º colocado no ranking de posse de bola. Segundo o "Who Scored?", site especializado em estatísticas, o Nantes fica com a bola por 43,5% do tempo de uma partida, mais apenas que o Troyes. Já o acerto dos passes é o pior de toda a competição: 72,6%.

Motivo para preocupação? Nada disso. Foi assim que o Leicester construiu o mais belo conto de fadas do futebol mundial nos últimos tempos. E é assim que Ranieri vai reconstruindo esse sonho no Nantes, um clube oito vezes campeão francês, mas que não ganha nada desde 2001.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.