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Rafael Reis

No futebol da terra de Cristiano Ronaldo, quem brilha é o primo do craque

Rafael Reis

17/10/2017 04h00

Aeroporto Internacional Cristiano Ronaldo, Museu CR7, Praça Cristiano Ronaldo, Hotel Pestana CR7 Funchal, Loja CR7, um polêmico busto, uma estátua de bronze de 3,40 m.

O filho mais ilustre da Ilha da Madeira é lembrado em todos os cantos da região que deu ao planeta o favorito ao prêmio de melhor jogador do mundo em 2017. Até dentro dos gramados da várzea.

No futebol amador do arquipélago de cerca de 260 mil habitantes, não há chutes e cabeçadas mais temidas do que as desferidas por José Adriano Xavier Aveiro, ou, simplesmente, "primo de Cristiano", como é mais conhecido.

Filho de um irmão do pai de Cristiano Ronaldo, Adriano Aveiro é um ano e meio mais velho que o astro e foi o artilheiro de duas das quatro últimas temporadas da Primeira Divisão Regional da Associação de Futebol da Madeira, um campeonato disputado por clubes amadores equivalente à quarta divisão portuguesa.

Autor de 75 gols nos 76 jogos que disputou entre o segundo semestre de 2013 e o primeiro de 2017 (uma média de quase um gol por partida), o centroavante ganhou na atual temporada a melhor oportunidade de sua carreira e assinou com o Câmara de Lobos, equipe da Madeira promovida para o terceiro escalão do futebol lusitano.

"Na seriedade e na ambição que demonstrou em campo, sou parecido com meu primo. Isso está no nosso sangue. O resto, claro, é muito diferente: ele é o melhor do mundo; eu sou só um dos melhores do meu campeonato", afirmou o camisa 9, em entrevista ao site português "Mais Futebol".

Cristiano e Adriano começaram juntos nas categorias de base do Andorinha, time da cidade de Funchal, capital da Madeira, onde nasceram. Mas, enquanto o primeiro deixou a ilha no começo da adolescência para jogar no Sporitng e depois conquistar o mundo, o segundo jamais ficou longe de casa.

O centroavante do Câmara de Lobos até tentou se profissionalizar no Marítimo, clube da região que costuma disputar a primeira divisão portuguesa, mas não teve a mesma sorte do primo. Então, foi trabalhar com telecomunicações.

"Financeiramente não compensa jogar nos 'Nacionais' [as duas primeiras divisões portuguesas. Tenho o meu emprego e uma vida estável em termos familiares, jogo futebol por hobby, treino à noite e consigo conciliar com o trabalho, que obriga a alguma rotatividade."

Apesar de não ter 1% do reconhecimento do Aveiro mais famoso do futebol, Adriano pode se orgulhar de um feito que deixou o primo rico com uma pontinha de inveja.

Na temporada passada, quando defendia o Santacruzense, o centroavante que brilha no futebol amador marcou seis vezes em uma mesma partida (goleada por 8 a 1 sobre o Clube de Formação da Madeira).

Em toda sua carreira como profissional, Cristiano Ronaldo nunca conseguiu superar as cinco bolas na rede em 90 minutos –atingiu essa marca somente duas vezes, contra Granada e Espanyol, ambas em 2015.

O astro do Real Madrid é o favorito para ser eleito, na próxima segunda-feira, o melhor jogador do mundo pela quinta vez na carreira. O argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o brasileiro Neymar, do Paris Saint-Germain, são os outros finalistas do prêmio da Fifa.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.