Topo

Rafael Reis

Eu quero a Argentina na Copa-2018... e você deveria querer também

Rafael Reis

01/10/2017 04h00

Ameaçada de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez em quase 50 anos, a seleção argentina irá decidir seu futuro nos próximos nove dias.

Quinta colocada nas eliminatórias sul-americanas para a Rússia-2018, a equipe dirigida por Jorge Sampaoli precisa ganhar pelo menos uma posição para carimbar seu passaporte ou manter sua classificação atual para disputar a repescagem.

Mas, se os resultados contra Peru (4º no qualificatório), nesta quinta-feira, em Buenos Aires, e Equador (8º), na terça da próxima semana, fora de casa, não forem positivos, os argentinos correm sério risco de se ausentarem de um Mundial pela primeira vez desde 1970.

Motivo de alegria para o torcedor brasileiro, que poderia rir da desgraça de um tradicional rival e de quebra se veria livre de uma forte ameaça ao hexacampeonato mundial da seleção de Tite?

Não é bem assim. Para começar, a Argentina faz parte daquele primeiro escalão de seleções que todo mundo que gosta pelo menos um pouquinho de futebol faz questão de assistir durante a Copa. Além dos argentinos, só Brasil, Alemanha e Itália despertam tanto interesse.

Isso não significa, é claro, que um Mundial sem a presença da tradicional camisa azul e branca seria chato e pouco interessante. Afinal, a Copa por si só é muito maior do que qualquer seleção participante. Mas que a ausência argentina tiraria um pouco da graça da competição, isso tiraria.

Além disso, o principal campeonato de futebol do planeta ficaria privado de alguns dos jogadores mais talentosos da atualidade: Di María, Higuaín, Dybala, Mascherano, Icardi e, óbvio, Lionel Messi.

Para quem aprendeu a acompanhar futebol já neste século, é inconcebível imaginar uma competição que reúna os melhores jogadores do mundo privada do camisa 10 do Barcelona e da seleção argentina –ou do português Cristiano Ronaldo, seu costumeiro arquirrival, que também ainda não está garantido no Mundial.

Com o aniversário de 31 anos marcado para o meio da competição, Messi possivelmente fará na Rússia sua última Copa como um dos protagonistas do futebol mundial. Mesmo que vá ao Qatar em 2022, o astro dificilmente terá condições físicas para continuar mostrando um futebol do nível atual.

Ou seja, por tudo que já fez na carreira e por todos os torcedores que encantou e continua encantando, Messi é quase uma presença obrigatória no Mundial. Ele merece a Copa, assim como a Copa merece ele.

Querer que a Argentina consiga a classificação nas eliminatórias e sele sua ida para a Rússia não significa torcer para que ela seja campeã mundial. Significa apenas querer que a Copa-2018 seja a melhor possível.

Por isso, os próximos dias serão dias de torcer por Messi e pela Argentina.


Mais de Opinião

– Neymar finalista do melhor do mundo é vitória do marketing sobre o futebol
– O PSG já é um candidato real ao título da Champions?
– Qual o tamanho do favoritismo do Brasil na Copa-2018?
– Os campeões da temporada 2017/18: minhas previsões

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.