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Rafael Reis

O PSG já é um candidato real ao título da Champions?

Rafael Reis

11/09/2017 04h30

Areola; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Kurzawa; Thiago Motta, Verratti e Rabiot (Di María); Mbappé, Cavani e Neymar. É mais ou menos com essa formação que o Paris Saint-Germain sonha conquistar pela primeira vez na história a Liga dos Campeões.

Mas será que, depois de se comprometer a gastar mais de 400 milhões de euros (quase R$ 1,5 bilhão) nos dois jogadores mais caros de todos os tempos, o PSG já é um candidato real ao título europeu?

A pergunta começará a ser respondida nesta terça-feira, quando o clube francês abre sua participação na Champions contra o Celtic, na Escócia. No entanto, já é possível antecipar um pouco as possibilidades do time de Neymar na competição interclubes mais badalada do planeta.

Para começar, é importante lembrar que o PSG tem um time forte demais. A maioria dos titulares normalmente escalados pelo espanhol Unai Emery fazem parte do primeiro escalão dos jogadores de suas respectivas posições.

Além disso, alguns dos reservas dos franceses, casos por exemplo de Meunier, Draxler e Lucas, caberiam tranquilamente nos elencos dos times acostumados a disputar o título da Champions.

Só que ter uma equipe competitiva (e mesmo um elenco repleto de atletas talentosos até no banco de reservas) não é suficiente para um clube se tornar favorito ao cobiçado troféu continental. Ganhar a Champions, afinal é uma tarefa muito difícil. Principalmente para quem não tem tanta história assim na competição.

O último time a estrear em uma decisão do torneio foi o Chelsea, nove anos atrás. O clube inglês também foi o mais recente campeão inédito, em 2012, na segunda vez em que alcançou a final.

Já a trajetória do PSG no torneio europeu está longe de ser longa e brilhante. A equipe vai para sua 11ª participação na Champions e, mesmo com todo o investimento das últimas temporadas, só chegou à semifinal uma única vez, em 1994/95.

Outra característica negativa do clube mais poderoso da França é um certo desequilíbrio no elenco. Apesar de cheio de bons nomes, o grupo de jogadores de Emery sofre com debilidades em posições essenciais para o sucesso de uma equipe.

Se o ataque do PSG é um dos melhores do planeta, o mesmo não pode se dizer do seu meio-campo. Thiago Motta e Rabiot estão longe de serem jogadores ruins, mas não estão no mesmo nível de Casemiro e Kroos (Real Madrid), Thiago e Vidal (Bayern de Munique) e Pjanic e Khedira (Juventus), por exemplo.

Além disso, faltam ao treinador espanhol mais opções para compor a faixa central de sua defesa. Os brasileiros Marquinhos e Thiago Silva e o garoto francês Kimpembe são os únicos zagueiros do elenco. Se perder dois desses defensores, o PSG já terá de improvisar alguém no setor.

Por fim, há um outro problema que pode prejudicar as pretensões do time da Cidade Luz no âmbito europeu: o Campeonato Francês. Com uma enorme disparidade técnica em relação a pelo menos 18 dos seus 19 oponentes na Ligue 1 (o Monaco talvez seja a única exceção), o PSG corre o risco de não se acostumar a usar o máximo do seu potencial durante a temporada.

E essa falta de costume de jogar com intensidade plena pode fazer falta na hora de medir forças contra os clubes mais poderosos de Inglaterra, Itália, Espanha e até da Alemanha… como aliás já fez em confrontos das temporadas passadas.

Resumindo: o PSG ainda tem um longo caminho pela frente para poder ser apontado como um dos favoritos ao título da Champions.

Com Neymar, Mbappé e cia., o clube se tornou um candidato real ao posto de campeão europeu. Mas, pelo menos por enquanto, ainda não é um Real Madrid, um Bayern de Munique, um Barcelona ou uma Juventus….


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.