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Rafael Reis

Antes de ganhar o mundo, São Paulo de Telê goleou Barça e Real Madrid

Rafael Reis

15/08/2017 04h00

Há exatos 25 anos, a Europa descobriu o São Paulo.

No dia 15 de agosto de 1992, menos de dois meses após levantar pela primeira vez a Libertadores, o histórico time dirigido por Telê Santana apresentou ao Velho Continente com uma goleada por 4 a 1 sobre o Barcelona.

Apesar de a partida não valer praticamente nada, apenas o troféu do Teresa Herrera, uma competição da pré-temporada disputada anualmente em La Coruña, o feito teve uma repercussão gigantesca.

Afinal, o Barcelona acabara de conquistar o título inédito da Liga dos Campeões e vivia a melhor fase da sua então quase centenária história.

Não à toa, a equipe goleada pelo São Paulo era (e continua sendo) chamada de "Dream Team", uma seleção liderada no banco de reservas por Johan Cruyff e que contava em campo com talentos do nível de Hristo Stoichkov, Michael Laudrup, Pep Guardiola, Ronald Koeman e Andoni Zubizarreta.

Até a ascensão da "era Messi" e os anos e mais anos de sucesso no século XXI, esse "Dream Team" era praticamente uma unanimidade entre jornalistas e torcedores como a melhor equipe da história do clube catalão.

Foi esse Barça que o São Paulo derrotou dentro da Espanha há 25 anos. E derrotou de virada, já que Julio Salinas marcou logo aos 3 min do primeiro tempo.

Só que apenas seis minutos depois, Müller recebeu em velocidade e tocou por cima de Zubizarreta para empatar a partida. A virada veio na etapa final, primeiro com Maurício e depois com Raí, que fez um gol de pênalti e outro em cobrança de falta indireta.

Time de Telê ainda atropelou Real Madrid

O estrago feito pelos comandados de Telê na Espanha seguiu pouco mais de 10 dias. O time tricolor disputou na sequência o Troféu Ramón de Carranza. Na semifinal, realizada em 27 de agosto, o time derrotou o Cádiz, donos da casa, por 2 a 0, com gols de Palhinha e Raí.

Com a vitória, o time tricolor foi para a final contra o poderoso Real Madrid. Assim como aconteceu com o Barcelona, o São Paulo não tomou conhecimento dos rivais madrilenhos, que tinham nomes como o zagueiro Hierro os meio-campistas Prosinecki e Luis Enrique e o centroavante chileno Zamorano.

Elivélton abriu o placar aos 7min da primeira etapa. No segundo tempo, Raí ampliou para 2 a 0 e Muller fechou a goleada de 4 a 0, anotando mais dois tentos. A partida foi transmitida na época pela TV Bandeirantes, com narração de Silvio Luiz.

Confiança extra para o Mundial

As vitórias serviram como um turbo de confiança aos jogadores são-paulinos para derrotar mais uma vez o Barça, por 2 a 1, no Mundial de Interclubes, jogado quatro meses mais tarde.

E também abriu as portas da Europa para o elenco mais vitorioso da história do São Paulo.

Dois titulares da equipe que goleou o Barcelona na decisão do Teresa Herrera, o lateral direito Cafu e o meia Raí, construíram carreiras de sucesso no Velho Continente. Além deles, o goleiro Zetti, o zagueiro Ronaldão e o atacante Müller também fizeram parte do elenco da seleção brasileira no tetracampeonato mundial, em 1994.

A histórica vitória também rendeu ao São Paulo o convite para jogar a competição amistosa no ano seguinte, quando novamente enfrentou o Barça na decisão e acabou derrotado por 1 a 0

A fase de sucesso internacional do clube do Morumbi se estendeu por mais dois anos. Em 1993, o time foi bi da Libertadores, voltou a ganhar o Mundial e também faturou a Recopa e a Supercopa Sul-Americana. No ano seguinte, foi vice continental, levantou a Copa Conmebol e outra Recopa.

Mas parte considerável dessa história de louros foi escrita em 15 de agosto de 1992, o dia que a Europa descobriu o São Paulo.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.