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Rafael Reis

Por que gigantes europeus, como o Dortmund, têm ações na Bolsa?

Rafael Reis

22/04/2017 04h30

A investigação feita pela Promotoria Federal da Alemanha apontou que o ataque terrorista cometido contra o ônibus que transportava os jogadores do Borussia Dortmund para a partida contra o Monaco, no dia 11 de abril, pelas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, possivelmente não teve um motivo religioso.

Segundo comunicado emitido na última sexta, o suspeito pela explosão que feriu o zagueiro espanhol Marc Bartra pode ter tido motivos econômicos para atacar o elenco alemão.

De acordo com a Promotoria, Sergej W, 28, que está preso por suposto envolvimento no caso, planejou o atentado para fazer o preço das ações do Dortmund na Bolsa dos Valores despencar e, assim, obter um lucro maior com a transação de títulos do clube.

Mas, afinal, o que leva equipes do primeiro escalão do futebol europeu, como o próprio Dortmund, o Manchester United, a Juventus e o Arsenal, a venderem ações na Bolsa de Valores?

Para começar, é preciso entender que a maior parte dos times do Velho Continente são empresas, ao contrário do que acontece no Brasil. Isso significa que eles possuem um ou mais proprietários e muitas vezes têm como objetivo dar lucro.

Alguns desses donos são globalmente conhecidos, casos do russo Roman Abramovich (Chelsea), do xeque qatari Abdullah bin Mohammed bin Saud Al Thani (Paris Saint-Germain) e de Mansour bin Zayed Al Nahyan (Manchester City), filho do emir de Abu Dhabi.

Já o modelo brasileiro, em que o clube pertence a uma comunidade de associados que elegem um presidente e um conselho responsável pela administração da agremiação, é restrito a algumas poucas equipes da elite europeia, como o Barcelona e o Real Madrid.

O motivo que leva os clubes-empresas a abrirem capital e ingressarem nas Bolsas de Valores é o mesmo que faz com que qualquer outro tipo de companhia venda ações: levantar dinheiro e aumentar seu potencial de investimento.

O modelo é usado no futebol desde o início da década de 1980. Em 1983, o Tottenham fez história ao lançar ações na Bolsa de Londres. Mas o caso mais conhecido veio oito anos depois, quando o Manchester United abriu seu capital para arrecadar os 10 milhões de libras  (R$ 40 milhões) necessários para a modernização do seu estádio, o Old Trafford.

De acordo com um estudo da KPMG, uma gigante global dos ramos de auditoria e consultoria, havia no final do ano passado 22 clubes europeus com capital aberto, ou seja, ações à venda em Bolsas de Valores.

Arsenal, Manchester United (Inglaterra), Juventus, Lazio, Roma (Itália), Lyon (França), Borussia Dortmund (Alemanha), Benfica, Porto, Sporting (Portugal), Ajax (Holanda), Trabzonspor, Besiktas, Galatasaray, Fenerbahce (Turquia) e Celtic (Escócia) eram os principais integrantes desse grupo.

Essa forma de negócio, no entanto, não é exclusiva da Europa. Os três maiores clubes chilenos, Universidad Católica, Universidad de Chile e Colo Colo, por exemplo, também estão na Bolsa.

Já no Brasil, a abertura de capital ainda é um tabu, principalmente pelo fato de a ampla maioria dos clubes ser formada por associações geridas por sócios, e não por empresas. Bahia, Vitória e Paraná já flertaram com modelos de gestão alternativos, mas não chegaram a vender suas ações para investidores externos.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.