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Rafael Reis

Manipuladores de resultados já apagaram luz de jogo do Barça na Champions

Rafael Reis

28/02/2017 04h00

Imagine a situação: alguém aposta muito dinheiro no resultado de uma partida de futebol e, quando descobre que o placar que ele precisa não será alcançado, resolve desligar os refletores do estádio para que o jogo não termine, e ele receba o investimento de volta.

Parece cena de filme, esquete de programa de humor ou, na pior das hipóteses, algo que rolou em um torneio de várzea ou nas divisões inferiores de algum país do terceiro escalão do futebol mundial, né?

Mas isso aconteceu na Liga dos Campeões da Europa, a mais rica e importante competição interclubes do planeta. E foi em um jogo do Barcelona.

Em 2001, o Barça visitou o Fenerbahce, na primeira rodada da Champions. Impossibilitados de comprar jogadores e/ou árbitros, um grupo de apostadores malaios acostumados a manipular resultados pagou para um funcionário do estádio Sukru Saracoglu para apagar os refletores caso o placar que eles precisassem não fosse atingido.

Confiantes em um time que tinha Kluivert e Rivaldo como estrelas, os fraudadores apostaram o equivalente a 675 mil dólares (R$ 2 milhões) na vitória do Barça. Só que os turcos fizeram um gol, dois gols, três gols…

Como combinado, a luz foi cortada para que a partida fosse adiada, as apostas acabassem canceladas e, com isso, os manipuladores recebessem o dinheiro de volta.

Só que algo deu errado nesse "plano perfeito". Os malaios esqueceram de questionar se o estádio de Istambul contava com geradores. Ou seja, após o blecaute, os refletores voltaram a se acender, o Fenerbahce venceu por 3 a 0 e eles perderam toda a grana investida.

O golpe foi relatado pelo cingapuriano Wilson Raj Perumal, o manipulador de resultados mais conhecido do mundo, em sua biografia "O Submundo do Futebol: Confissões de um Manipulador de Resultados", lançada no Brasil no ano passado pela editora Astral Cultural.

Perumal, que acumula várias passagens pela prisão, colabora desde 2012 com autoridades europeias e com a Fifa nas investigações sobre fraudes em placares de partidas de futebol.

O cingapuriano, que alega ter manipulado jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo-2010 e das Olimpíadas de Atlanta-1996 e Pequim-2008, diz também ter sido o inspirador do "golpe do refletor".

Apesar de ter falhado na Champions, a estratégia de simplesmente cortar a energia de um estádio para impedir um resultado desfavorável aos apostadores foi, de acordo com Perumal, usado com sucesso em partidas do Campeonato Inglês durante a década de 1990.

Ainda segundo o fraudador, Arsenal, Derby County, Wimbledon, West Ham e Crystal Palace protagonizaram jogos que ficaram às escuras e precisaram ser adiados por ação de manipuladores de resultados.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.