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Rafael Reis

Lenda viva: conheça o goleiro de 44 anos que busca seu 5º título africano

Rafael Reis

05/02/2017 04h00

Quando Essam El-Hadary disputou sua primeira partida como profissional, cinco dos seus atuais companheiros de seleção do Egito nem haviam nascido.

O goleiro de 44 anos é até mais que uma lenda. Ele é uma verdadeira instituição do futebol africano. Uma instituição que pode conquistar neste domingo o título continental pela quinta vez na carreira.

Hadary

Campeão da Copa Africana de Nações em 1998, 2006, 2008 e 2010, El-Hadary é a esperança do Egito na decisão contra Camarões, às 17h (de Brasília), no Stade de l'Amitié, em Libreville, no Gabão.

E isso não é nenhum exagero. Apesar de contar com jogadores conhecidos internacionalmente, como o meia Mohamed Elnenny (Arsenal) e o atacante Mohamed Salah (Roma), a seleção do norte da África precisou demais do veterano goleiro para alcançar a decisão.

Reserva no início da competição, El-Hadary ganhou a posição aos 25 min do primeiro tempo da estreia egípica na CAN, com a lesão de Ahmed El-Shenawy, e agarrou tudo desde então.

Com o quarentão debaixo das traves, o Egito sofreu apenas um gol em cinco partidas e teve no goleiro o herói da classificação na semifinal –defendeu dois pênaltis contra Burkina Faso depois do empate no tempo normal.

Jogador mais velho a disputar a Copa Africana e com 147 partidas pela seleção no currículo, El-Hadary atualmente defende o Wadi Degla, um pequeno time egípcio que nunca sequer foi campeão nacional.

Mas ele fez história mesmo foi no Al-Ahly, clube que mandou no futebol africano na década passada e onde esteve por 12 anos (de 1996 a 2008).

Ídolo por lá, abandonou o time para embarcar em única experiência do longe do Egito, o suíço Sion. Foi chamado de "mercenário" e "Pinóquio" pelo então treinador do Al-Ahly, o português Manuel Jorge.

El-Hadary ficou por apenas uma temporada no futebol europeu e voltou para casa. Ainda que seu antigo clube não o quisesse, não faltaram interessados em contar com aquele que é considerado um dos grandes goleiros da história do continente africano.

Desde então, o veterano arqueiro passou por cinco times diferentes do Egito e se manteve firme na seleção com um objetivo bem claro em mente.

A história de El-Hadary com a camisa dos Faraós não termina neste domingo. Talvez acabe no próximo ano, quando ele imagina que sua longa espera por uma participação na Copa do Mundo possa chegar ao fim.

"Temos boas chances de classificação para a maior competição de todas. E quero fazer parte disso", disse o goleiro, que terá 45 anos na Rússia-2018.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.