Topo

Rafael Reis

Quase irrelevante, Mundial de Clubes precisa de mudança radical

Rafael Reis

09/12/2016 06h00

Kashima Antlers e Auckland City abriram na manhã de quinta-feira a 13ª edição do Mundial de Clubes da Fifa. E, com exceção dos torcedores dos clubes japonês e neozelandês e de alguns poucos realmente fanáticos pelo futebol, ninguém se importou com a partida.

E esse descaso não é exceção. Essa é sim a realidade da competição que passa longe de alcançar a relevância que deveria e o peso de ter sido criada como uma espécie de versão interclubes da Copa do Mundo.

Mundial

Todo ano é assim. Os torcedores dos campeões da Libertadores, da Concacaf, da Ásia, da África, da Oceania e também da J-League (quando o Japão é sede do torneio) tratam o Mundial como o momento ápice do calendário.

Infelizmente, só eles. O resto do planeta considera a competição como algo de segunda linha, inclusive os apoiadores do vencedor da Liga dos Campeões da Europa, nesta edição, o Real Madrid.

A Fifa já percebeu isso e planeja uma reformulação completa no Mundial de Clubes para tirá-lo do marasmo e tentar lhe dar a relevância que um torneio com esse nome pede.

A proposta lançada no mês passado pelo presidente Gianni Infantino prevê aumentar radicalmente o número de participantes (dos 7 clubes atuais para 32) e realizar a competição, em junho, no final da temporada europeia. A ideia é que esse novo Mundial saia do papel em 2019.

Apesar de deixar o calendário do futebol mundial ainda mais inchado do que hoje, esse plano de expansão traria dois efeitos imediatos positivos para o torneio.

Primeiramente, aumentaria o número de torcedores e países interessados na disputa. Mesmo que o resto do planeta ignorasse o Mundial, passaríamos a ter os fãs de 32 times de alguma forma envolvidos com o torneio, e não mais os de sete equipes.

Além disso, a expansão colocaria mais clubes europeus na briga pelo título, o que consequentemente elevaria o nível técnico e agradaria o paladar da maior parte da população que consome futebol.

É fácil comprovar isso. Basta responder uma pergunta. Qual dessas partidas você pararia para assistir: Kashima Antlers x Auckland City, Real Madrid x Atlético Nacional ou Real Madrid x Barcelona?

A conta é simples. Mais clubes significam mais vagas para a Europa. Mais vagas para a Europa significam mais craques. Mais craques significam mais audiência. E mais audiência significa mais relevância. Pode parecer uma visão elitista, mas essa é a regra do jogo.

Uma regra do jogo que Fifa parece querer aplicar. Afinal, o Mundial precisa desesperadamente dela.


Mais de Opinião

Longe de indicação, Neymar merece 6º lugar em prêmio de melhor do mundo
– Por que Lucas é sempre ignorado pela seleção brasileira?
– Novo prêmio de melhor do mundo pode se tornar concurso de fã-clubes
– Dá para levar a sério a "ressurreição" de Balotelli?

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.