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Rafael Reis

Ele atuou na liga nacional mais rica do mundo, mas hoje paga para jogar

Rafael Reis

29/08/2016 06h00

O atacante Mamady Sidibé passou cinco temporadas atuando na Premier League, o campeonato nacional reconhecido por ser o mais rico do mundo. Mas, hoje, aos 36 anos, precisa tirar dinheiro do próprio bolso para se manter na ativa.

O ex-jogador do Stoke City e da seleção de Mali paga 4 libras por semana, o equivalente a cerca de R$ 76 por mês, para poder defender o Robin Hood Rookery, time que disputa uma liga amadora na Inglaterra.

Sidibe

"É claro que é uma enorme diferença em relação a quando eu jogava na Premier League. Mas essa experiência me leva de volta à estaca zero, ao momento em que comecei a jogar futebol", afirmou, em entrevista ao jornal "Stoke Sentinel".

"Realmente gosto daqui, esse time me mantém em forma e também aprecio bastante dividir vestiário com esses rapazes."

Desde que deixou o CSKA Sofia, da Bulgária, em 2014, Sidibé não vive mais dos gols que marca dentro de campo.

O atacante é dono de uma confeitaria e também trabalha como olheiro do Stoke, clube que defendeu entre 2005 e 2013 e onde viveu os melhores momentos de sua carreira.

O futebol virou para o malinês apenas um lazer, um passatempo com o qual acredita que vale a pena gastar. Afinal, ele deve muito a esse esporte.

Nascido na África, Sibidé mudou-se com os pais para a França quando tinha apenas dois anos e cresceu na periferia de Paris. Durante a adolescência, dividia seu tempo entre o futebol e o tráfico de drogas.

Para sua sorte, a carreira esportiva deu certo antes que ele tivesse o mesmo destino dos seus "vários amigos que foram para a prisão ou acabaram presos porque não tinham outra coisa a fazer, a não ser vender drogas", como conta em sua biografia "The Luckiest Man in Football" ("O Homem Mais Sortudo no Futebol", em tradução livre), lançada em 2013.

Após passar pelas categorias de base de vários times franceses, Sidibé profissionalizou-se no Swansea City em 2001. Quatro anos depois, migrou para o Stoke, onde jogou 168 partidas e fez 24 gols.

Sua carreira em alto nível poderia ter sido mais extensa se ele não tivesse sofrido três graves lesões (duas no tendão de Aquiles e uma no joelho) em um período de apenas dois anos.

Entre 2010 e 2012, o malinês praticamente não entrou em campo e pensou seriamente em abandonar o futebol. Mas Sidibé não desistiu e ainda atuou por Sheffield Wednesday, Tranmere Rovers e CSKA Sofia antes de começar a pagar para jogar. E não se incomodar com sso.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.