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Rafael Reis

Chegou a hora do futebol masculino sair das Olimpíadas

Rafael Reis

23/07/2016 07h00

Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Zlatan Ibrahimovic seriam sim extras muito bem-vindos, mas sempre foram isso, extras. O mínimo que se espera da mais importante competição sub-23 do mundo é que ela consiga reunir os melhores jogadores com até 23 anos do planeta.

E é aí que o futebol dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 passa longe de atingir seu objetivo. Argentina, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Colômbia, Nigéria, Argélia e até o Iraque virão ao Brasil desfalcados daqueles que são seus principais nomes nascidos a partir de janeiro de 1993.

O caso de Portugal é ainda pior. Os atuais campeões europeus serão representados por uma seleção B, talvez até C, tamanha a quantidade de jogadores que não puderam ser convocados.

Renato Sanches

O veto dos clubes europeus à liberação de praticamente todos os atletas minimamente importantes mostra o quanto o futebol olímpico é irrelevante.

E é exatamente por isso que a modalidade, pelo menos em sua versão masculina, deveria deixar de fazer parte do programa da Olimpíada. Afinal, um torneio moribundo não faz bem nenhum para o esporte e nem para a competição.

A culpa pelo fracasso olímpico do futebol recai principalmente sobre a Fifa. A entidade nunca mostrou muito entusiasmo em ajudar o COI a transformar a modalidade em um atrativo nos Jogos –talvez por medo de ganhar um concorrente de peso para a Copa do Mundo ou mesmo os Mundiais de base.

O órgão, que poderia obrigar a liberação de jogadores de até 23 anos para o torneio olímpico, apenas recomenda os clubes cedam os atletas para as seleções. Pouco para convencer, por exemplo, a Juventus a liberar o argentino Paulo Dybala.

O calendário também não ajuda muito as Olimpíadas. O futebol nos Jogos do Rio, que será disputado entre 4 e 20 de agosto, coincide com o início da temporada europeia e vem logo depois da Eurocopa e da Copa América Centenário.

Seria pedir demais que um jogador como Renato Sanches, destaque português na Euro, emende o torneio continental, a competição olímpica e uma temporada desgastante em seu novo clube, o Bayern de Munique. Tudo isso sem ter tirado férias na época anterior.

Uma alternativa possível para o futebol olímpico não sofrer tanto com os desfalques seria diminuir o limite de idade dos jogadores dos atuais 23 anos para 20 ou 17. Mas essa opção seria só um paliativo, e modalidade continua pouco relevante dentro da maior competição esportiva do planeta.

Sendo assim, o melhor a fazer é admitir que o futebol masculino e a Olimpíada são mundos muito distantes, não combinam e devem seguir suas vidas separados.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.