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Rafael Reis

Não ganhar o ouro olímpico no Rio será vexame histórico para seleção

Rafael Reis

16/07/2016 06h00

Portugal poderia ter os campeões europeus Renato Sanches, Raphael Guerreiro, João Mário, André Gomes e Rafa Silva. Mas terá de se contentar com Edgar Ié, Francisco Ramos, Fábio Sturgeon e Nuno Santos.

A Argentina imaginou um time com Paulo Dybala, Matías Kranevitter, Mauro Icardi e pelo menos um zagueiro titular da sua seleção principal. Acabou precisando convocar jogadores que mal estrearam como profissionais e apelar para Jonathan Calleri como plano B para o ataque.

Já a Alemanha tinha condições de vir ao Brasil com Julian Draxler, Leroy Sané, Joshua Kimmich, Julian Weigl, Emre Can e Jonathan Tah, todos já nomes de sua equipe adulta. Mas a realidade atende por nomes como Grischa Prömel e Lukas Klostermann.

Neymar

A situação de três das seleções que potencialmente seriam candidatas à medalha de ouro na Rio-2016 mostra porque o Brasil não é apenas favorito a enfim vencer o torneio olímpico de futebol. Ele tem obrigação de fazê-lo.

A cobrança pelo título inédito pode até parecer exagero, mas não é. Além de jogar em casa e enfrentar adversários profundamente enfraquecidos, a seleção foi o único time de primeiro escalão que pouco sofreu com a fechada de portas dos clubes europeus para o torneio olímpico.

É claro que o goleiro Éderson e o volante Fred, que tiveram suas convocações vetadas por Benfica e Shakhtar Donetsk, respectivamente, seriam nomes interessantes para a equipe sub-23, sem dúvida. Mas a importância deles não se compara a de Renato Sanches, Dyabala ou Draxler, por exemplo.

Além disso, o Brasil conseguirá levar para o Rio seu maior astro da atualidade, Neymar, que foi poupado da Copa América para convencer o Barcelona a liberá-lo para a competição.

Enquanto isso, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo jamais tiveram suas convocações para a Olimpíada seriamente cogitadas por Argentina e Portugal. E mesmo o sueco Zlatan Ibrahimovic, que chegou a pensar em vir ao Brasil, preferiu se dedicar ao novo clube, o Manchester United.

Com isso, as vagas para jogadores acima de 23 anos dos maiores rivais brasileiros ficaram para nomes de segundo ou terceiro escalão. O atacante alemão Nils Petersen nunca jogou pela seleção principal. E o meia português André Martins foi chamado por estar desempregado.

É claro que ainda haverá algum talento no futebol olímpico. A Alemanha terá o bom meia Julian Brandt e o zagueiro Matthias Ginter, campeão da Copa do Mundo de 2014. A Argentina convocou o insinuante atacante Ángel Correa, do Atlético de Madri. E a Colômbia chamou o centroavante Miguel Borja, do Atlético Nacional, responsável direto pela queda do São Paulo na Libertadores.

Mesmo assim, entre as grandes seleções, só o Brasil terá uma equipe sub-23 com praticamente força máxima. E, por isso, a conquista da inédita medalha de ouro tem cara de obrigação.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.