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Rafael Reis

Um a cada quatro jogadores da Eurocopa possui dupla cidadania

Rafael Reis

13/06/2016 06h00

O meia-atacante Stephan el Shaarawy, 23, que defendeu a Roma na última temporada, é fruto da união de um egípcio com uma ítalo-suíça. Por isso, tinha a opção de defender qualquer uma das três seleções. Escolheu a Azzurra.

Os irmãos Jordan e Romelu Lukaku nasceram em Antuérpia, na Bélgica, mas são filhos de imigrantes do Congo. Se quisessem, poderiam jogar pela equipe africana. Mas optaram por defender sua terra natal.

Adversários nesta segunda-feira, em jogo válido pela primeira rodada do Grupo E, eles são protagonistas de histórias que acontecem aos montes nesta Eurocopa.

Lukaku

Pelo menos 140 dos 552 jogadores inscritos na competição continental possuem dupla, tripla ou até mesmo quádrupla cidadania.

Isso significa que um a cada quatro atletas da Euro é "multinacional" e poderia jogar por uma seleção diferente daquela que ele defende.

Há evidentemente episódios de naturalizações feitas por razões predominantemente esportivas, como a do goleiro brasileiro Guilherme, ex-Atlético-PR, que se tornou russo após nove anos morando por lá para atuar na seleção.

Mas a maior parte dos jogadores com múltiplas cidadanias é reflexo de dois fenômenos essenciais para se entender a geopolítica contemporânea europeia: as ondas migratórias e as quase inexistentes fronteiras entre os países.

Anfitriã da Euro, a França tem uma seleção em que mais da metade dos jogadores é negra ou árabe, descendente de primeira ou segunda geração de africanos ou caribenhos que foram para a Europa em busca de uma vida melhor.

A questão, sempre conturbada por lá, voltou aos holofotes depois de o atacante do Real Madrid Karim Benzema, filho de argelinos e que se recusa a cantar a Marselhesa, o hino nacional francês, ter acusado o técnico Didier Deschamps de não tê-lo convocado por pressão de grupos políticos que defendem a xenofobia.

A Bélgica, seleção número 1 da Europa, de acordo do ranking da Fifa, é outro time que não seria o mesmo se o país não tivesse sido alvo de tantas ondas migratórias. Além dos irmãos Lukaku, os atacantes Benteke, Origi, Batshuayi, os meias Dembélé e Fellaini e os zagueiros Denayer e Kabasele são de famílias que saíram da África.

Mas nem todo jogador com múltipla cidadania é resultado das migrações recebidas pela Europa. Há ainda aqueles que são frutos simplesmente da pequena distância entre os países e da alta mobilidade entre eles.

O meia-atacante Yannick Ferreira-Carrasco, uma das revelações do Atlético de Madri na última temporada, defende a seleção da Bélgica porque nasceu por lá. Mas seu pai é português e a mãe, espanhola.

Já o volante Eric Dier, do Tottenham e da seleção inglesa, poderia ser companheiro de Cristiano Ronaldo, já que se mudou com a família para Portugal aos sete anos de idade e só saiu de lá em 2014.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.